quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Gilson Faustino Maia




POESIAS DE GILSON MAIA




ENFEITANDO A PRAÇA

Igual a pipa que o moleque do meu bairro
empina lá no espaço,
eu subirei, amor.
Estarei longe, nos céus,
ultrapassando as montanhas.
Jogarei versos do alto
numa chuva mágica,
enfeitando a praça.
Quando à tardinha
o vento quiser repousar,
eu descerei, querida,
preso que sempre estarei à linha
sublime do teu olhar.





DESTINO DE PIPA

Uivava o vento
no bambuzal...
Subia, fugia, voava.
Da laje se ouvia:
otáriooooo!
Uivava o vento eu subia...
Estava infeliz,
queria voltar, não podia...
Cortei-me no próprio cerol.





O PORRE

Chegou,
encostou o umbigo no balcão
e pediu uma garrafa.
Pagou. (Não queria ficar devendo nada a ninguém).
Tomou um gole após o outro:
Maria, Teresa, Jurema, Isabel...
Tragou todas que estavam em sua mente
e dormiu até o dia seguinte.





INFINITAMENTE NADA

A noite é plena, véspera do amanhã.
A dúvida devora minh’alma.
Que será o amanhã?
Será claro ou tenebroso?
Será calmo ou revolto como o oceano
em noite de tempestade?
Eu sei, somente, que por mais que eu me esforce,
não poderei superar o caminho traçado no livro da vida.
Eu, um pequeno grão de areia na face da terra.
Eu, um nada diante do infinito.





ADESÃO IMPERIAL

Abra as portas, D. Pedro desta praça,
suplicava o poeta cantador.
E, pensativo, o nobre imperador,
levantando o seu rosto, olhou com graça
o grupo de poetas que, com raça,
semeava poemas no jardim.
E, disse o imperador: - Agora sim,
orgulhoso eu estou da Confraria!
- Recitem, meus irmãos, a poesia,
eu também já cantei, cantem por mim!