sábado, 28 de janeiro de 2012

Palavras


As palavras são a matéria-prima do poeta. Escrever um poema é lidar com a tessitura das palavras, brincando com sons, sentidos, significados e não poucas vezes ressignificando, reconceitualizando as palavras num jogo lúdico, mas também muito sério... com a palavra, os confrades e suas palavras.


Palavras, caras palavras
Que bom que são indulgentes
com esse tosco insolente
que ousa manuseá-las
Não preciso assediá-las
que elas vêm flertar comigo
Sempre nelas tenho abrigo
Se faço especulações
de potenciais refrões
visitam-me aos borbotões
que por vezes me atordoam
pelo tanto que se doam

Monossílabas ou poli
Em classes de extensa prole
Circunflexo, acento agudo
Comigo fazem de tudo
Proparoxítonas mil
Algumas com ou sem til
Quem já sentiu sei que entende
que as palavras são duendes
na sua nobre missão
de levar ao coração
ideias e sentimentos
riso, sonho, força, alento
revolta e encantamento

Palavras, caras palavras
No nosso breu são faróis
e eu só um porta-voz
do que de nós extrapola
Palavras, sublimes molas
dando impulso aos nossos saltos
porque sonhamos com o alto
quando as palavras então
às estrelas voltarão

Jorge Ricardo Dias




Porque escrevo...

Não escrevo para ilustrar desejos
ou criar metáforas,
tampouco escrevo para expor a alma,
vontades secretas, riso, calma.

Não escrevo para acordar os sonhos,
limitar quereres
ou rimar sorrisos.
Até porque, mortal, desejo o paraíso.

Não escrevo para promover abismos,
traduzir tristezas,
completar loucuras, destinos,
nem mesmo quero colher desatinos.

Escrevo porque sou poeta
e da caneta escorre
o sangue da emoção.
Escrevo porque a pena pede
o desenhar corrido,
o verso expresso da ilusão.

Escrevo porque a vida quer
o sonho, o amor, a pausa,
implora-me o verso,
o choro breve,
o riso largo,
todo o mar de cor imerso.

Escrevo porque falo assim,
sinto palavras, sonho letra
vivo a força do vocábulo.
Escrevo porque sou poeta
e se não gritar em versos
surto, morro... calo!

Catarina Maul



PARA FAZER POESIA


Corto a vida em pedaços;
Misturo-os num saco plástico;
Sacudo bem;
Sorteio...
E digo Amém.


Edweine Loureiro





Relações textuais


textos
contradizem
textos,
saem de si,
detestam-se.
textos
falam de
textos
enfocam
fofocam
um texto
toca outro
texto
contempla
complementa.
textos
se tocam
se trocam
sentidos
textos
se testam
se penetram
se fundem
textos
sem pretextos
inauguram
novos
contextos.

Renato de Mattos Motta
Porto Alegre, 23 de maio de 2008



É o texto o escritor
A pena é que move a mão
do pretenso autor...

Jorge Ricardo Dias


Canção das palavras precisas

Preciso escrever poemas
com algo que me desvende
Nada assim com happy end
Sem morais nem nobres lemas

Preciso parir uns textos
Nem que sejam só pretextos
pra com palavras brincar
Fingir que não são meu ar

Preciso arranhar garranchos
Fazê-los de finos ganchos
que me soltem de outros tantos
pra mastigar meus espantos

Preciso de uma caneta
pra me tornar um cometa
que vai sem meta e sem medo
em busca do seu segredo

Preciso as palavras, tê-las
como o céu possui estrelas
como o sol instaura o dia
Inventar mais poesia

Preciso dar-lhes sentido
com sentimento e libido
Precisas ou imprudentes
Doces, cortantes, ardentes

Preciso fazer uns versos
de enxergar o universo
com o estranho olhar do artista
e não perdê-lo de vista

Preciso do verbo escrito
Recorrente ou inaudito
Nos sons, na forma, a canção
que me habita o coração
Jorge Ricardo Dias










Por que escrevo

Escrevo
sentimento
lamento
sofrer
caminho
agora
buscando
viver.

Escrevo
vida
agora
vivida
marcada
versada
semente
nascida.

Escrevo
amando
perco
viajo
somando
fragmentos
amo
escrever.

Rodolfo Andrade






PALAVRAS AO VENTO



Subo num banco da praça,

mostro que sou trovador.

Vou trovar, cantar de graça,

muitas trovinhas de amor.



Palavra busca palavra,

para o poeta escrever.

É fruto da minha lavra,

que mais eu posso querer?



Busco a comunicação,

aqui e em qualquer lugar.

Agora até no Japão

tenho um irmão com quem falar.



Cada um com seu discurso,

os versos vão escrevendo.

Eu aplico o meu recurso

e vão as trovas nascendo.



Jogo palavras ao vento,

faço chover poesia

para o meu divertimento,

plantando a paz e a alegria.

 GILSON FAUSTINO MAIA

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

BEIJA- FLOR

Num dia qualquer de um janeiro qualquer um bando de beija-flores pousou em nossa Confraria da Poesia Informal. Eram os pássaros de todas as cores, de tamanhos diversos, buscando diferentes destinos. Mas, na breve parada na Confraria, beberam do nectar da poesia e nos deixaram versos... Depois partiram!


Doce, o beija-flor
não se furta a encantar
Todo furta-cor

Jorge Ricardo Dias





Ágil, todo amor!
Se eu pudesse, eu beijaria,
com carinho, a flor.

Gilson Faustino Maia





pelo beijo do beija-flor
o pólen penetra
amor emprenha a flor

Renato de Mattos Motta





Beija-flor

Beija-flor, senhor de minha inspiração
Voa majestoso e imponente sob o céu
Poliniza a bela rosa ainda em botão
E faz-se presente nos versos do papel

Quisera eu ser como um beija-flor
Livre a voar com seu canto feliz
Carregando o perfume do amor
No néctar e em suas penas sutis

Mas como não posso sair voando
Aceito minha condição de poeta
A vida? Devagar eu vou levando
Nessa minha trilha incompleta.

Filipe Medon






COLIBRI

Beija, com furor,
a última flor
do teu jardim.

Edweine Loureiro





Ei Beija Flor!
Beije estas flores
Flores para os poetas
Deixe-as nas janelas
Nos varais, nos quintais
Chame os vaga-lumes
Os lobos, os lobisomens
Uivem para a Lua
Na rua, nos matagais
Sorriam para as estrelas
Para os planetas
Para os poetas
Para a fada
Pra Catarina...´

Nina Barroso




Tudo que vivi
Tão vertiginoso
Urgência de colibri

Jorge Ricardo Dias





Na rota do beija-flor
perfumes e cores
Todas seiva, uma, amor

Jorge Ricardo Dias






Beija flor

Ciúmes de ti eu tenho
pois beija todas as flores
sente o doce e a beleza
contida nos seus amores.

Tiras o que delas é bom
sente em sua pele o suor
na leveza de suas asas
no aconchego do seu melhor.

Caminha no seu caminho
vai em paz sem direção
sorrir é seu brilho forte
não teme nenhuma paixão.

Alegre em seu caminho
tens a ausência da dor
busca o certo sentido
de viver beija-flor.

Rodolfo Andrade

BAR

Hoje, dia 27 de janeiro de 2012, a Confraria da Poesia Informal - CPI - foi convidada a assinar uma coluna no site http://www.mesadebar.org/, que tem como um dos coordenadores o jovem confrade Otávio Palmeiras.
Ficamos felizes, pois o site é bem legal e, especialmente para mim, tem um motivo especial: Otávio foi meu aluno no Ensino Regular, depois participou da Academia Poética que presidi na escola em que eu trabalhava, e ainda, foi um dos apresentadores do programa de Rádio que eu produzia e apresentava na Rádio Imperial, de 2000 a 2005.  Ou seja, estamos juntos desde sempre.

E, como esse tema, o BAR, é de grande domínio da Confraria, o lançamos como desafio. O resultado será nossa primeira coluna no Mesa de Bar.

Puxem a cadeira e chamem o garçon. Um brinde à novidade!!!!


Bar do Gomes - Vila Isabel (Terra de Noel Rosa) - foto de Catarina Maul

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Gilson Maia enviou a explicação e o poema abaixo:
Nos anos 80 existia um programa na Rádio Imperial com esse nome: Mesa de Bar. Em 28-04-89 eu escrevi um soneto com a intenção de mandar como homenagem ao programa, mas não cheguei a mandar pois o programa saiu do ar.

 MESA DE BAR

Abre a janela, ó terra iluminada!
Deixa entrar nos salões a melodia,
o som dos violões, a poesia,
... murmúrios da seresta apaixonada.

Mesa de Bar, a foz nunca igualada
do rio da saudade, que extasia.
Um misto de tristeza e de alegria
na noite imperial engalanada.

Solta a voz, seresteiro, é tua sina
cantar a dor sublime da paixão.
Canta quem ama, pois o amor ensina

os acordes suaves da canção
que fala com mestria e disciplina
da mágoa que sufoca o coração.

Gilson Faustino Maia
(Soneto escrito em 28-04-89)

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Foto do espetáculo "En'canta Noel", com Guido Martini de pé, para quem Catarina Maul escreveu a poesia abaixo:

Bar, Mar

Bar e Mar...
Mar e bar...
Bar onde afogam as mágoas da vida,
mar onde esquecem as dores de amar.

Mesmo que o bar esteja na areia,
mesmo que o mar abrigue a sereia
o amor é o silêncio de ondas na praia
que gritam e que tomam, a caminho do mar.
E quem não consegue ouvir esse grito
corre louco e aflito pra mesa do bar
e esconde o gosto salgado e infinito
do trago impreciso de algum tilintar
que bate o cristal transparente e agudo
com o gosto desnudo de outro brilhar.
É tanto segredo que o mar, tão imenso,
jamais é capaz de explicar.
É tanto o que há no bálsamo líquido
que é quase um poeta o assíduo de um bar.

- Mantenham abertas as portas do bar!
- Mantenham abertas as portas do mar!

Caso precisemos nossos medos afogar!

(Para o Guido Barguini Martini, que tem o bar e o mar em seu nome)

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O BARDO

Foi numa mesa de bar
Que ele nos fez sonhar
Declamando eternos versos
... Que ecoaram no universo.

De comédias com matronas
A romances em Verona,
Fazia chorar, fazia sorrir...
Salve, William Shakeaspeare!

Edweine Loureiro

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Era aquele fim de noite ou Petrópolis de noite
que é o mesmo que fim...

Lá pras 2 e 45, madruga morta
Só de viola(viola o tempo a viola),
banco(banco o humano no banco)
e motor(motor fígado flex)
...
A grande máquina do bar
de grandes torresmões
bochechas pasteladas...
Um abdômen de dar inveja
tanquinho,

cheio de tapa na cara
tão máquina do bar
tropeçou na tristeza(como de costume bêbada e com saudades)
respingando mineira no copo de geral(mineira essência mé nosso pra cada dia ser de vida e paz)!!!

A máquina do bar puxou a cadeira
pediu pra rolar um milton
botou mais uma pinga..
falou toda a verdade...
tava já velhinha...
viu de garrincha ao zé
de Maia ao Chico...

Mostrava tamanho desgosto
quando lhe arrancavam da boca da noite
(bares são os dentes da noite)
já se sabia assim...
pra mastigar as coisa da noite...
mas protestou e me pediu outro milton....
Botou outra pinga....

Iniciou seus causos...
disse que tinha botado a fé numa garrafa de pimenta(pra mante-lá pura e com ânima)
disse que tinha botado a alegria nos copos

(quando quebra algum... nossa.... cacos chorando sem fim)
fé e alegria.....
Fiz saudação de despida com da cana ao causo....
Fomos apoiados um no outro até o dia mais próximo....
Sim....
até o dia assolar e pedir um bom dia!!!!


Pedro Maia e Cunha


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Na mesa de bar

Na mesa de bar
o chope é gelado,
o amor é falado,
... o sorriso é exposto.

O papo é gostoso,
a alegria é geral mas,
sempre falta um imortal
a ser lembrado ali.

Lugar magistral
onde depois do vendaval
vem a calmaria
e começa a nostalgia.

Na mesa do bar
corações se alegram
no encontro de amados
que sempre buscam a ela.

Antes ou depois de se amar
ali esta ela quietinha
a sua espera,
a companheira mesa do bar.

Rodolfo Andrade


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o verbo, a rua e a lua

Deus, o Omnipotente
criou o mundo através do Verbo
eu, menos competente,
... crio, através do mundo, o verbo
m u n d a r
e, por este verbo
eu mundo
tu mundas
ela munda
e nós
mundanos vagamundos
vagaluzimos pela noite
bebendo até ver o fundo
até uivar pra lua
reflexo no cálice
repetido na sarjeta
nas poças barrentas.
lua branca
lua cheia
com jeito de mundo
interior.
plenilúnio
onde Jorge da Capadócia
mata seu dragão.
Yê Ogum!
yeah, yeah, yeah
she loves you
(and you know that can't be bad)
música múndica
som de rádio de pilha
rasgando a noite metálico
mal sintonizado
no lago de fígado
lua branca em céu poluído
mundo insolúvel
de Raimundo
mundo dividido
desideologizado
globalmente esgotado
internacionalizado mundo
faminto empobrecido
sujo mundo de gente porca
em algum lugar
na noite do mundo, um bar
lâmpadas fluorescentes
copos com espumas
que traçam texturas de lua
Ogum na espuma do copo
cerveja de Ogum
churrasco de costela
assado em tonel na calçada
um gole pro santo na noite no mundo
lua no céu
cavalo dragão cavaleiro de lança
no princípio era o Verbo,
e o Verbo foi mundo
Yê, yeah!


Renato de Mattos Motta
Porto Alegre - RS

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Em busca da Felicidade
Embriagado eu bebo um copo de mel,
Já é manhã e acabei com as cervejas do bar,
Chutei o balde não quis saber de nada,
... Fiquei no samba até o dia clarear...
Sempre fui um cara de muitos amores,
Pretas, loiras, ruivas e morenas,
Mas caí nos encantos de uma branquinha,
Pensei que fosse minha alma gêmea...
Eu ofereci o meu mundo,
Assumi minha namorada,
Mas vivia implicando com tudo,
Coisas de menina mimada,
Proibiu o meu futebol,
Censurou a minha gelada,
Foi um tremendo absurdo
Quando implicou com a rapaziada...
Me desculpa meu bem,
Não me leve a mal,
Eu pertenço a boemia,
Aos amigos e o carnaval,
Não tenho paciência,
Pra brigas, ciúmes... Infantilidade...
O meu objetivo é evoluir...
Em busca da felicidade...
(Composição: Felipe Quirino)


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Meninos

Jamais tomei a porção do elixir
... que me trouxesse apesar do amargor
sentido inato pra todo o existir
perenidade de chama e calor

Jamais tentei que os navios do mar
coubessem todos em cada garrafa
que esvaziei em mil fugas de bar
Um peixe-espada cortando a tarrafa

Sobrevivi sem levar tão a sério
a Existência em elétrons meninos
Que a vida em mim elucide o mistério!

Encouraçado e ainda assim bailarino
Do Labirinto desprendo-me aéreo
Sem mapa, plano de voo e destino.



Jorge Ricardo Dias 

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ILUSÃO

Na mesa de um Bar, mente entorpecida
Bebi as mágoas em doses de tequila
Sem limão, sentindo a dor na ferida
... Garganta quente e gelo no coração
Desenhava com os copos vazios
As iniciais da minha desilusão
-Mais uma garçon, agora com sal
Para disfarçar o gosto das lágrimas
Para enganar essa dor universal
Sei que beber não faz esquecer
Mas ajuda a não enlouquecer
Amor embriaga e fere também
Da próxima vez só com moderação
Sorrindo e me divertindo na medida
Na mesa do Bar em comemoração...

Nina Barroso


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"Um balcão
e uma garrafa
Um homem
e uma desgraça"

Redson Vitorino


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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

OS VAGALUMES



Apesar de ser da Nina Barroso o primeiro poemeto publicado na Confraria a respeito dos vagalumes, dedico essa postagem ao Alexandre Tavares, que como ele mesmo diz, mora no paraíso, e deve ter mais chance do que cada um de nós de conversar com essas criaturas raras, que trazem em si só, a luz natural, e para alumiar as nossas visões não nos cobram nada.

CADA POETA É UM VAGALUME BRINCANDO DE ESPARRAMAR A LUZ NA MULTIDÃO!


Buscando amor
Noite afora brilha
O vagalume

(Nina Barroso)
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Seria a iluminação
Natalina dos pinheiros
Uma mera imitação
Desses insetos arteiros?

Numa sincronia brilhante
Esses amantes piscando
Adornam de luz o amor
Voando, voando!

Em seus rastros esplendorosos
De lusco-fuscos numerosos
Buscam o prazer da reprodução.

E como num céu lascivo estrelado
Consomem-se no fulgor raiado
Tão intrínseco da paixão.
Alexandre Tavares
.................


Jorge Ricardo Dias

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Verde é a sua cor
Enfeitando a noite escura
Magia tão bem usada
Brilhando para quem o procura
Dizendo EU estou aqui
Pra iluminar sua noite obscura
Assim amam os pirilampos
E o resto é literatura.

Nina Barroso

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Quando penso em vagalumes, sempre me lembro de uns dos lugares mais interessantes que conheço, onde vou sempre que posso.... e onde quero sempre voltar: LUMIAR.
É um distrito da cidade de Nova Friburgo - RJ, onde as noites são sempre mais escuras e as criaturas da noite  nos visitam. Beto Guedes compôs uma canção para Lumiar que traduz bem seus encantos.

                                                                                           Catarina Maul

ASSISTAM:



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Via Láctea

Vagalume,
Vaidoso,
Viu a Lua
... E voltou
Envergonhado.

Edweine Loureiro

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vagalume vagabundo
iluminabundo
dúbio chiaroscuro
tremeluzindo
faca de dois gumes
Renato de Mattos Mota

Porto Alegre - RS
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Vaga – lua – lume

Lua clara
Fonte rara
De uma mansidão
Azula
ilumina
No relento
Busca o firmamento
direção.
Criatura
Noite escura
Como lar anil
Vaga lume
Vaga sempre
Vaga livre
Varonil.

Lua clara
Lua que merece
Prece em fé
Luz lume que é.

Vaga louco
Vaga pouco
Vaga muito
Luz sem fim
Vaga lume
Brilha para mim.

Catarina Maul


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Vida vaga
Me traga um whisky
Preu combater essa praga

Guilherme Sant'Anna

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Vaga-lume

De brilho noturno
sereno caminha
em busca de vida
... alegre e sofrida.

Seu brilho tem força
deveras sentida
pelo ser que agita
a dor é sofrida.

Ziguezagueando
somente pureza
piscando vai só
mostrando beleza.

No alto é rei
espera o cume
humilde vai lá
belo vaga-lume.

Rodolfo Andrade
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Vaga o lume cadente...

Do alto do cume...
... Vagalume é lume...
Vagando perfume...
Perfeito luminar...

Exala esperança...
Cricrilos de grilos, criança...
Na mata noite de festança...
E sorri o céu irreverente...

Vaga o lume de um vagalume...
E disso se presume...
Que debaixo daquele tapume, do cume...
Existe uma paz de costume... a fitar!

No matagal, o negrume...
Pisca, cricrila e vaga, o lume...
O piscado que assume,
o bichinho ao grilo iluminar...

Sim, ele se jogou do céu sorridente,
para a mata fosforescente...
Pisca-pisca de alegria, contente...
Do céu veio a se jogar...

A verdade, ninguém conta pra gente...
Na mata o inseto irreverente: pisca e vaga...
Do cume é o lume... é a felicidade!
A verdade!?:
Todo vaga-lume é uma estrela cadente com asas!

Luana Lagreca

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Em uma enorme escuridão ouço sapos conversar
Em uma enorme diversão vejos mosquitos a bailar...
E lá no fundo vejo algo a piscar...seria algo de minha mente ou existe algo realmente
Forço mais os olhos e vejo realmente luzes a piscar....
São vaga ...lumes...vagalumes ...vaaa ..ga..lumes a dançar!
Simone Rosa
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domingo, 22 de janeiro de 2012

A CONFRARIA ABRE AS JANELAS DA POESIA PARA O MUNDO ENTRAR


Através das janelas o mundo pode nos ser revelado. O que existe além delas, nem sempre nos pertence, mas nos pertence totalmente a visão que temos, tão grande quanto possa ser longinquo o nosso olhar. Pensando nisso, o convite foi feito. Vamos escrever sobre JANELAS?

Estamos abrindo as nossas para os olhares que nos quiserem alcançar.


Corre o rio,
Sopra a flauta o vento de um corrego qualquer,
Passando por um lugar qualquer,
Invadindo uma intimidade solitaria
Junta-se ao pranto - tambem solitario - de alguem numa janela qualquer...
...
A vida repete-se, e porque tambem nao uma poesia qualquer?
Nao estou na janela, mas  é como se estivesse - pois estou solitario,
Escutando meu pranto interno de toda noite, pensando num rio...
Num corrego qualquer...
McMillan Hunt
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Janelas

Por suas janelas desfilam mazelas
Piores seriam se não fossem elas
Viver no escuro, maior das seqüelas
... Não quer vidros negros nas suas janelas

Vigia do mundo, também te revela
Ligeira evasão, quem então era ela?
Cortina de pele, convém ter cautela
Se fecha e se abre, senha ou sentinela?

Mas quando o deus Sol, que as manhãs descongela
te vem possuir, derradeira donzela
é mais um mistério que enfim se revela

Um brilho te invade, uma cor de aquarela
e subitamente, por suas janelas
só passa o que faz essa vida ser bela.

Jorge Ricardo Dias
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SERENATA

Uma guitarra cigana,
uma canção pra donzela.
Uma envolvente paixão...
... Os cuidados do pai dela.
No peito imensa mazela...
Um triste olhar de raspão.
A cruel imposição:
ter que fechar a janela.

Gilson Faustino Maia
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AMADURECIMENTO

Fechado, sim, eu era;
Mas isso não mais importa.
Pois decidi abrir as portas
E escancarar todas janelas.
Edweine Loureiro

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"Janela"

Jane lá
Sentada na janela
Já nela a esperar
Jane nela
Enfeitava a janela
Lá só pra namorar

Jane lá
Fechou a janela
Já nela não quis ficar

Jane nela
Viu pela janela
Lá, ele não mais acenar

Jane lá
Só lembra da janela
Já nela, apenas quando sonhar.

Nina Barroso
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Assisti da janela, muita gente passar
Essa gente que caminha sem parar
Levando histórias para espalhar
Trazendo histórias para contar
Da minha janela sempre aberta
Para história de gente escutar...
Cláudia Monte
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POEMA CONVIDADO:

Velhinha na janela
todo mundo que passa
é visita pra ela.

Ricardo Silvestrin

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janela do nosso quarto
refletida nos teus olhos
sou pássaro em céu azul

Renato de Mattos Motta

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Da janela vejo a Loba correndo ...
De encontro à lua, um uivo...
Uma dor solitária...

Ana Lucia Souza Cruz

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O mundo da minha janela

Abri a janela e vi o mundo
Acordara de um sonho profundo
Olhei inquieto para os lados
Os pássaros estavam calados
Esfreguei os olhos com apreensão
Mas quando abri, era só escuridão
Meu mundo estava muito diferente
Acabei por me tornar descrente
O homem destruía a natureza
Havia fome, violência e pobreza
E de tanta dor e sofrimento
A brisa deixara de ser vento
O poeta se calou de indignação
Chocado com tanta opressão
Nos rostos que outrora sorriam
As lágrimas tristes escorriam
Mas algo me animava a viver
Do qual não podia me esquecer
O sorriso da criança na rua
Que ajoelhada pedia à lua:
Senhor, mande-me estrelas de verdade
Que possam brilhar no meio de tanta maldade.

Filipe Medon

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Da janela se avistava
um mundo em movimento
Na janela da alma, sofrimento...

Paulo Roberto Cunha

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Janelas da Vida

Janelas da vida que abrem e fecham
amores que vem e vão
que nos tiram da solidão
....
Janelas da vida
que nos trazem alegrias,
nos fazem ver passar a vida.
por um angulo diferente
que nos transformam.


Janelas da vida
que nos fazem sorrir, cantar.
que nos fazem amar
sem sabermos se seremos amados.

Janelas da vida...
Carina Bomfilioli

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Janelas paralelas

Convido-os a entrar
Mas aviso
Aqui não é possível ver
... Apenas enxergar

Da janela de minha alma
Observe
Os sentimentos
Um pensamento
Breve

O vento acariciando os roseirais
A vida nua
O corpo aberto
Um porto sem cais

Silêncio exposto
Sorriso amarelo
Chuva em meu rosto
Som do que é belo

Entre
Sente ao lado da janela
Enxergue
Não veja a vida fora dela

Há muito a ser vislumbrado
É só abrir a janela ao lado.

Diogo Marcello
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Um trovão passou
Um som assustador
Abri as minhas janelas
Para as flores,as mais belas

... Mas o vento só trás desgraça
De um coração que só ameaça
Mas não bate, não mais.
Guilherme Sant'Anna
..............
 
MANHÃ

Da janela do Cairo
se vê o mar
um pedaço ora azul
ora cinza
... Nele navega um barco
branco e leve
-parece de papel.

Neste delírio
que a cena provoca
ele sai do oceano
e desliza
sobre a minha folha
em branco
-as ondas viram palavras.

Desperto e está feito
este poema molhado.
Maria do Carmo Bonfim
.....


vitral de eros

na janela entreaberta
restos de sol riscam
traços de carícia
não dormida
e se banham no canto
que as nuvens ideadas
precipitam
na evidência nua da vitroíris
- excrescência a prumo -

fim de tarde
janela
entre
aberta

Daniela Damaris
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Janela...

Verde portal de esperança...
Nela lembro-me criança...
Hoje me torno mulher...
É nela que miro com fé!...
Um por de sol colorido...
Um bailar de pássaro, tão lindo!...
Cheiro de terra molhada...
E nessa paz encantada,
debruçada, no beiral, singela...
Meus sonhos se abrem feito janela,
para um nascer de sol radiante!...
E muitos sonhos que eram distantes,
hoje, mais perto estão...
Fito, doce de emoção...
Pois tudo depende apenas o meu “abrir”...
Nela, o sonho a porvir...
E de novo me vem à lembrança...
Tradução de janela: saudade e esperança!

Por Luana Lagreca

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Catarina na janela
sinal de poesia chegando
neste canteiro confraria
os versos estão brotando...

Paulo Roberto Cunha

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Janelas, janelas... 
 
Janelas que se abrem
a uma vida melhor
como uma voz ao horizonte
ao encontro do infinito.
 
Janelas corrediças
que vão pra lá e pra cá
buscando o certo sentido
no unitário movimento.
 
Janelas entreabertas
que se encontram ao por do sol
se fecham quando se faz morto
no lindo cair da noite.
 
Janelas porque janelas
as únicas que lindas donzelas
se fazem princesas a serenata
ouvindo a melodia.
 
Janelas inspiração do poeta
que tentando já a luz da lua
se faz triste, se faz profeta
para entender sua partida.

Rodolfo Andrade