quinta-feira, 28 de junho de 2012

"O Jardineiro" de Guilherme Constantino...

Depois do projeto Sentimexpressão em que vários poetas da nossa Confraria da Poesia Informal contextualizaram as ilustrações de Guilherme Constantino, agora retomamos a parceria para falar dessa misteriosa flor interna que está expressa na poesia de mais uma ilustração de Guilherme, que ele intitula “O Jardineiro”. CPI é poesia escrita, mas também é visual!






Jardineiro imperfeito


Eu amo aquela rosa.
Linda flor alaranjada,
Que foge de mim.
Bela e cheia de vida,
Que em sua jornada,
Não reconhece o seu fim.

Escondido entre suas pétalas,
Agasalha um pequeno besouro.
Este também proclamou que a ama...
E, aos poucos foi tirando ela.
De mim.

Vai devorando suas pétalas e,
Devorando seu coração...
Transformando tudo em volta,
E ela se perde então...

Tudo tão simples!
Criar harmonia em as cores.
Plantar, cuidar, dar a forma de flor...
De repente! Ver tudo transtornado.
Tudo transformado em nome de outro amor!

Agora, não sou eu quem ouvirá o silêncio dos arrependimentos...!
Todo amor é tão simples:
Não escolhe o seu final e
Administramos nossos tormentos!

Agasalha seu besouro
Torna tudo tão simples...
Mas, chora a vida com tristeza:
Do que te amei, não terá igual.


De Magela
São Paulo – SP

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JARDINEIRO DO AMOR


A paisagem fabulosa...
Era um tão belo jardim...
Um anjo plantava rosas,
outro plantava jasmim.
Eu não manjava de flor,
sou jardineiro do amor,
humano, não querubim.

As flores lá das alturas
são, talvez, abençoadas.
São cuidadas com ternura,
nas nuvens são semeadas.
Eu, embora pecador,
sou jardineiro do amor,
nos braços da minha amada.


Gilson Faustino Maia
Petrópolis - RJ


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O Jardineiro...


Carrego deserto árido.
Avido, por não ter-te havido,
cálido por ter sofrido...
Áspero por ter morrido.

Carrego peso, temor...
Sonho preso, dor.
Não nego incoeso amor.

Arrasto-me nesse lastro,
aresto, nefasto, um rasto...

...Flor que em mim ficou.


Luana Lagreca
Petrópolis - RJ


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Jardineiro dark


Rosa manchada de sangue 
de cor rubra muito forte 
faz da vida um só mangue 
desperta a triste morte. 

És força que já impera 
na penumbra desta dor 
manchando esta nova era 
espalhando o seu pavor

Jardineiro estou eu 
querendo te exterminar 
apagar do mundo o breu 

Mas única és tu na vida 
morro querendo você 
e morro eu por ti querida


Rodolfo Andrade
Petrópolis - RJ


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Jardineiro de si 


Nuvens negras
de um passado
quase esquecido
rondam...

Os sinos da igreja
anunciam o fim de mais um dia
Respira fundo, engole seco...
Amargura! 

Manhã que chega
em meio à quietude...
Novas lidas,
velhas decepções.

Perpétua solidão.
Lodo amor que pulsa...
Charco coração
em busca.

É dele
o broto (lótus) 
a linda flor...

E o jardineiro
se reconhece,
se reconhece em flor...
Simplesmente para 
sorrir do amor.


Paulo Roberto Cunha / Ana Lúcia Souza Cruz
Petrópolis – RJ / Rio de Janeiro - RJ


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Jardim que Chora


Queria poder falar tantas coisas;
Soltar minha voz que às vezes,
Calada chora.

Não posso e nem tenho como resolver
O que não é meu, mas sou apanhado por
Uma forte dor, daqueles que ficam presos
A tal religiosidade e atacam os seus.

Choro, mas percebo que lágrimas que
Descem do meu rosto não são nulas,
São puras, para iluminar o jardim
Que existe dentro de mim.

Dentro! Existem rosas
Vermelhas,
Intensas,
Que só podem expressar o amor.

Posso não ser o que alguns gostariam,
Mas tudo que tento ser 
São sementes,

Para que no seu 
Coração, possa nascer
As mais belas Flores.

JG Poeta da Alma
São Paulo - SP


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Xis da Questão

Fazes questão de me mostrar a escuridão
A solidão na multidão sempre sem alma
Fazes questão de apresentar a vastidão
No campo ressequido e preso em trauma.

Fazes questão de despejar todo esse charco
O lodo fétido de sua mão vazia
Fazes questão de me traçar o marco
Separando teu inferno da poesia.

Fazes questão de profanar teu coração
E repetir que o mundo é um caos perdido
Fazes questão de não mostrar a emoção
E ser um elo desse mundo corrompido.

Fazes questão de ser poeira, droga, lama
Ser desafeto que corrompe e profana
Fazes questão de ser só apesar, senão.

Mas que posso eu fazer se não me ludibria?
Bem no fundo do teu ser só tem poesia
Só vejo luz a florescer no coração...
Mesmo que não seja essa a tua intenção!!!

Catarina Maul
Petrópolis - RJ


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ventre
gerando
vida
parte
de mim
que foi dada

meu eu
em flor
esquecida

que foi
devolvida
não serve

pra nada

alex avena
Petrópolis - RJ

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CEIFAGEM

Cada momento ceifa inapelavelmente
O momento anterior!

Tal qual maestro apaixonado por cada andamento de sua sinfonia,
Meu coração anseia prolongar o florescer máximo
De cada um desses momentos
Em que estou ao seu lado.

Entre a luz desses instantes e a sombra que passa para minha memória
A rosa mística do seu existir me faz sentir o poder de impedir
Tal ceifagem,
Um dia, quem sabe...

Mario Ribeiro e Carmem Teresa Elias (Rio de Janeiro - RJ)

quinta-feira, 21 de junho de 2012

CPI NO SOLSTÍCIO DO SOM

 
 
 
Uma Homenagem de Carmem Teresa Elias e Roma Magela para a Confraria !!!
LIBERDADE CONFRARIA !

Há dentro do coração um lugar alegre e que fica em paz.
... Aquele que não poderia ter um nome mais bonito,
Cercado das velhas árvores, plantas, flores e crianças...
Quem poderia avaliar o tempo, sem fome e sem sentir o frio?

Há uma praça literalmente viva, da qual há muito sinto saudade:
Brincar no parquinho, escorrega, gangorra e carruagem dos bodinhos.
Meninos e as pipas, meninas trocando roupas de bonecas.
Vários motivos para não esquecer: os restaurantes, os bares, a Confraria na Praça e o antigo Silogeu.

Formalidades e reverências nas academias, e do lado de fora liberdade e poesia.
Preciso ir para fora e escrever; dar impulso a essa força maior que move noite e dia!
(Liberdade ganhando mais sentidos do que poderia...)
Vira anseio poético! Vira desejo de criança! Vira o meio de que ninguém mais fala! Vira teatro no meio da sala! Vira sarau, alegria e dança!

Confraria das poesias que eu nunca escrevi...
Poesia, praça e liberdade.
Crianças escrevendo bonecas e pipas...
Colorindo seus rostos sem maldade.
Perfumando a dança, soltando suas vozes não mais caladas dentro de cada criança...

Criança que gira na alegria do seu brinquedo,
Velho triste que vira criança, e com tudo que passa se encanta...
Liberdade Confraria!
Que a todos alcança.         

E lá estivemos felizes, na Praça da Liberdade, essa liberdade que hasteamos todos os dias junto ao sol da manhã, quando abraçamos a poesia. Estivemos lá no dia 17 de junho, no Evento Solsticio do Som - Inverno de 2012, junto a centenas de artistas, muitos grupos e sonhos... Estivemos lá levando nossa poesia, nossa arte, nosso abraço, nosso amor.