quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Ponto de interrogação ( ? )

Certo dia, o poeta Rodolfo Andrade postando um poema em nosso Grupo no Facebook indagou e indagou... Resultado: mais um desafio na CPI, e dessa vez, recheado de interrogações!
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Ponto de interrogação

O que acontece quando esta aí 
vendo o vento soprar, 
o rio puro correr 
ai sem querer olhar. 

Quando te sinto 
sem nem te querer 
te vejo lá longe 
sem te olhar.

Queria te olhar o dia inteiro 
ficar neste flerte maneiro 
sempre querendo 
te amar, te ter.

Não me importa que pensem
sem realmente saber
muito menos que julguem 
tudo que irá acontecer.

Quando o sol queima sua pele 
morena, macia, cheirosa 
e eu fico a observar 
sem nada falar.

Observo às pessoas 
querendo te observar 
ontem eu te queria, 
hoje te quero e sempre vou querer.

Rodolfo Andrade – Petrópolis / RJ

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Ponto de interrogação

Exaustão molecular
estriando o ser que expande
não sabendo ao certo
onde
enredar seu tal desejo
em que tanta nuvem
cai
nas mil gotas do silêncio
nem estio
nem ensejo
afagar seu corpo tenso
O amor de toda a vida
parte assim de seu inteiro
ou paixão sem causa ou senso
nova essência
aguerrida
que estrapola
o agora
ao meio?
Interroga
ação
e ponto
de partida
ou de chegada
espalhando 
absorto afeto
Cais sem porto
encruzilhada!

Juliana Brasil – Petrópolis / RJ

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Ponto de interpretação.

Eis o ponto que indago...
Digiro e afago,
Dentre os tantos pontos do meu coração!

És de sinceridade absoluta,
Que nas vias desta conduta
Põem-me a chorar!

És de tamanha beleza,
E, também, de toda a riqueza...
Que meus simples olhos puderam enxergar.

És de minha criação!
E de toda a imaginação...
Que este coração chegou onde está!

És um ponto, pronto!
Um simples ponto!
De interpretação...

Rafael Nicolay – Petrópolis / RJ

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Interrogação

No fundo somos meros inventores
De dúvidas que nem mesmo existem
Camuflamos certezas que nos causam dores
Em erros que nas emoções persistem.

Fingimos duvidar e por ai seguimos
Mais fácil que assumir o quanto nós sabemos
De manchas e desprezos que para e em nós sentimos
O quanto de ruim em nós reconhecemos.

Driblando as mentiras que colecionamos
Negamos a nos mesmos o que obvio é.
Titubeando, inseguros, caminhamos.
Os méritos nós damos para a fé.

E assim numa piada se escreve a vida
O que? Como assim? Quando? – perguntamos!
Mais fácil uma verdade falsa, corrompida
Que a dura certeza do que não aceitamos!

Catarina Maul – Petrópolis / RJ

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A verdade

Onde está a verdade que eu procuro?
Nos salões enfeitados dos doutores
ou nos versos de tantos sonhadores
mergulhados num mundo tão escuro?

Num discurso inflamado que eu aturo
talvez por gentileza ou por favores?
Na agitação das bolsas de valores
ou nos votos de ofício de um perjuro?

Na volúpia de tantas meretrizes?
Na palavra final do magistrado?
No pranto das crianças infelizes?

Ao chegar ao sepulcro conquistado
com lutas, sofrimentos, cicatrizes...
Certamente estará lá do outro lado.

Gilson Faustino Maia – Petrópolis / RJ (Escrito em 05-11-87)

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‎Respostas

Busco respostas...
Quem poderá me ajudar?

O menino que brinca na rua?
Ou a menina que olha para a Lua?

O jovem que dizem ser imaturo?
Ou a moça que idealiza seu futuro?

O homem que se preocupa com suas contas?
Ou a mulher que as vezes age feito uma tonta?

O velho que já se sente morto?
Ou a senhora que ainda busca seu conforto?

O sábio que me revela estar a procura?
Ou a professora que acredita ter muita cultura?

O nômade que não tem parada?
Ou a pessoa que vive angustiada?

Quantas dúvidas!
Elas só fazem aumentar...
Até que resolvi apostar:
só dentro de mim mesma
é que todas elas devem estar!!!

Elciana Goedert – Curitiba / PA

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Vazia Indagação

Hora
calada e vazia:
a vida fala sozinha.

O coração bate,
ainda, ao mesmo ritmo
em que as estrelas brilham

E à eternidade indaga
A única verdade que importa:
Haverá amanhã?

Carmem Teresa Elias -  Rio de Janeiro / RJ

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INTER//ROGAÇÃO

Nativa vez que
tive o ímpeto de
dizer -te sim
não amo a primavera
nada sei que
pensa aquele
bando de cores
à sorrir-me
largamente
quando passo triste
pela borda do dia
pela estreita alvorada

Ali numa dança
largamente florida
como se enfeitassem
esse mesmo caminho
como se eu
quisesse colher
partir o seu caule fino
e depois respirar
sua cor.

não acho o fim da poesia
a interrogação.

Leonardo Fonseca – Petrópolis / RJ

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PERGUNTAS

De tudo o que sei
É com o que eu não sei,
Que mais me espanto.
São minhas perguntas,
Que me estruturam
E que me desmancham...

E, se encontro respostas,
São apenas propostas refutáveis
Indagáveis verdades – prontas...
Tão óbvias quanto abstrusas!
Intrusos saberes disseminados,
Dissimulados traços do que se quer,
Efígie distorcida do que se tem.

Ignoro-me como resposta
E, nas minhas perquires,
Eu continuo sendo perguntas,
Apenas perguntas...

Ivone Alves Sol – Petrópolis / RJ

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Além da dor daquilo

Além da dor daquilo
Que não se pode dizer...
Tenho uma dor assim:
Escondida, inacabada!

Dor de quem ama
Sem poder fazer nada,
Para que a dor
Chegue ao fim...

Dor...
Que vai matando devagarzinho.
Vem em aspirais...
Como vem o amor.

Aquele amor intenso,
Que nunca se justifica.
Que, nem ao menos, diz que acabou...
Ou começou.

E no fim...
A vida mostra uma forma de amor
Que surpreende:
Aquele que se afasta e,
Que mesmo distante, ainda prende.

Roma Magela – São Paulo / SP

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Além de mim
Falar da morte?
Não sei o que é.
Fazer um trato com ela
pra escapar?
Quem sabe, virar semente?
E se o outro mundo
for melhor,
sem miséria,
traição e medo?
Na dúvida,
enquanto posso,
vou ficando,
curtindo o prazer:
mar, luar
flores, amores
música, viagens
perfumes, sabores.
Enquanto me for
permitido viver.

Maria Do Carmo Bomfim – Rio de Janeiro / RJ

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Será???? 

Será que nessa vida?
Será que em outro mundo?
Tudo tem pergunta?
Tudo terá resposta?

Viemos de onde mesmo?
Estamos aqui por que?
Sonhamos os mesmos sonhos?
Ou pensamos em nunca ser?

As respostas não tenho não
Isso é uma grande interrogação
Tudo fica mais aguçado
Tentando achar explicação.

Claudia Marinho – Petrópolis / RJ

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Energia escura

Energia escura...
Coisa desconhecida e inesperada.
Para prova que tudo muda...
Utilizando forma acelerada.

Expansão!
Não é fácil assim, que dê para contrabalancear...
Se nos corpos falta gravidade,
Como prever a reação?

Quando toda matéria começa a se contrair...
Pontos densos no infinito sem compreensão...
Mas, com singularidade na inovação
Começam a se comprimir.

Big Bang do avesso!
Nosso amor é assim:
Não aceita o conserto,
Como hidrogênio em nebulosa: explode no fim!

De Magela – São Paulo / SP

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Nada esperar

Quem se importa?
Se perguntas emudecem
na turbulência dos dias
se sigo com precaução
sob lenta paralisia
do cansaço – desalento
que à morte se parecem

Quem se importa?
Se percorro o céu cinzento
procuro a luz do luar
como fora estrela guia
pra que possa me curar
dos embustes e da espera
e nada mais esperar

Quem se importa?
Se não soube presagiar
os males – os desenganos
quando se bate uma porta
(o passado vai passar)
é construir novos planos
e não mais se importar.

Marizélia Finger - Porto Alegre / RS

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Tudo mundo usa

Não tem nem uma pessoa que não use
o ponto de interrogação.
Todo mundo usa, querendo ou não.
Principalmente numa conversa,
aí é que o ponto aparece mesmo!
Até numa discussão,
o que mais surge é o ponto de interrogação.
Só com esse ponto é que podemos
perceber a fala de um personagem numa história.
Enfim, o ponto de interrogação está presente
na nossa vida, em qualquer ocasião.
Se não existisse não ia ter pergunta,
e se não existisse pergunta
não haveria diálogo.

Alan Bastos – Petrópolis / RJ

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