quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Vitor de Paiva



Os dilemas de um dramático apaixonado /
Os dilemas de um triste poeta

E ao pensar que escrevo de madrugada
Palavras soltas que se unem aqui
Na poesia para escutar consolada
Por estranhos que não sabem nada
Não sabem que por dentro eu vivi
Sabem menos que ainda vivo
Os dramas por ser impulsivo
Ou dramas por não agir
Mas mesmo sendo ativo
Tenho medo de não conseguir
De nem saber se é sonho
Por te deixar fugir
Mas a descobrir me disponho
A cobrir seus cachos de nariz
E a sua nuca de boca
A fim de deixar-te feliz
E não somente louca

Vendo que sou quem sou
Só sabe quem já me amou
Que eu sempre espero
Muito mais do que quero
E acabo no chão
E acabo sem chão
E sem saber onde pisar
E sem ter a quem amar
Ah! Quem já me amou sabe
Sem esperar que acabe
Que o meu mundo desabe
O mundo acaba
O chão desaba 



O Não da Noite

Tortos em estúpida dança
Atentos no bailar da lua
Ao emanar alegria de criança
E ao esperar resposta tua
Ao som de estrelas cadentes
Que cruzam infindos astros
Observam lobos sorridentes
Os nossos tímidos passos

Enquanto nos dirigimos
Para longe do civilizado
Incrivelmente pensamos juntos
Antes só que mal amado
E era aquele o último momento
Divergimos daquele ponto
Para nunca mais encontrarmos
Face a face um com o outro. 



Fantasia do Oposto Sexo 

Jogue, jorre 
Sangre sangue 
Morto em femininas mãos 
Portando um belo bisturi 
Acompanhada de um jovem menino 
Seguia psicompactando - a linda moça 
Corpos em Corpos 
Em valas, em valas 
E fora de órbitas: olhos enlatados 
Glóbulos brancos confundem-se 
Com o leite condensado 
Ainda contido dentro da lata 
Soou o metal 
Soou o sino 
Fora da igreja 
Também sou menino 

Mas menino assassino 
E menino confuso 

Acordar e dormir 
Dormir e acordar 
Para o corpo não existe 
Pára de tentar, não insiste 
Você vai morrer e eu não quero seus pertences 
Eu te odeio 
Porque você nasceu 
Virgem, velgo, católico. 



Esquece e Esquenta 

Não vou dar uma de forte, 
Vou querer uma dose de cachaça! 
Não vou forçar um querer, 
Dá uma dose de cachaça! 
Não vou dosar uma força, 
Quero cachaça, dá! 
Sou tão fraco que estou no chão 
E enquanto tudo roda você para em minha cabeça. 



Bolsa de Amores

Meu te amo está em queda de 3,7% 
Ei, você não acha que mereço um aumento? 
Tudo que está ao meu redor me diz pra eu dizer 
Vou dizer né, o que acha que tenho que fazer? 
"Diminuir, quem sabe" é o que você diria 
Mas eu vou contra eu mesmo se eu o fizer, sabia? 


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