sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

BAR

Hoje, dia 27 de janeiro de 2012, a Confraria da Poesia Informal - CPI - foi convidada a assinar uma coluna no site http://www.mesadebar.org/, que tem como um dos coordenadores o jovem confrade Otávio Palmeiras.
Ficamos felizes, pois o site é bem legal e, especialmente para mim, tem um motivo especial: Otávio foi meu aluno no Ensino Regular, depois participou da Academia Poética que presidi na escola em que eu trabalhava, e ainda, foi um dos apresentadores do programa de Rádio que eu produzia e apresentava na Rádio Imperial, de 2000 a 2005.  Ou seja, estamos juntos desde sempre.

E, como esse tema, o BAR, é de grande domínio da Confraria, o lançamos como desafio. O resultado será nossa primeira coluna no Mesa de Bar.

Puxem a cadeira e chamem o garçon. Um brinde à novidade!!!!


Bar do Gomes - Vila Isabel (Terra de Noel Rosa) - foto de Catarina Maul

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Gilson Maia enviou a explicação e o poema abaixo:
Nos anos 80 existia um programa na Rádio Imperial com esse nome: Mesa de Bar. Em 28-04-89 eu escrevi um soneto com a intenção de mandar como homenagem ao programa, mas não cheguei a mandar pois o programa saiu do ar.

 MESA DE BAR

Abre a janela, ó terra iluminada!
Deixa entrar nos salões a melodia,
o som dos violões, a poesia,
... murmúrios da seresta apaixonada.

Mesa de Bar, a foz nunca igualada
do rio da saudade, que extasia.
Um misto de tristeza e de alegria
na noite imperial engalanada.

Solta a voz, seresteiro, é tua sina
cantar a dor sublime da paixão.
Canta quem ama, pois o amor ensina

os acordes suaves da canção
que fala com mestria e disciplina
da mágoa que sufoca o coração.

Gilson Faustino Maia
(Soneto escrito em 28-04-89)

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Foto do espetáculo "En'canta Noel", com Guido Martini de pé, para quem Catarina Maul escreveu a poesia abaixo:

Bar, Mar

Bar e Mar...
Mar e bar...
Bar onde afogam as mágoas da vida,
mar onde esquecem as dores de amar.

Mesmo que o bar esteja na areia,
mesmo que o mar abrigue a sereia
o amor é o silêncio de ondas na praia
que gritam e que tomam, a caminho do mar.
E quem não consegue ouvir esse grito
corre louco e aflito pra mesa do bar
e esconde o gosto salgado e infinito
do trago impreciso de algum tilintar
que bate o cristal transparente e agudo
com o gosto desnudo de outro brilhar.
É tanto segredo que o mar, tão imenso,
jamais é capaz de explicar.
É tanto o que há no bálsamo líquido
que é quase um poeta o assíduo de um bar.

- Mantenham abertas as portas do bar!
- Mantenham abertas as portas do mar!

Caso precisemos nossos medos afogar!

(Para o Guido Barguini Martini, que tem o bar e o mar em seu nome)

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O BARDO

Foi numa mesa de bar
Que ele nos fez sonhar
Declamando eternos versos
... Que ecoaram no universo.

De comédias com matronas
A romances em Verona,
Fazia chorar, fazia sorrir...
Salve, William Shakeaspeare!

Edweine Loureiro

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Era aquele fim de noite ou Petrópolis de noite
que é o mesmo que fim...

Lá pras 2 e 45, madruga morta
Só de viola(viola o tempo a viola),
banco(banco o humano no banco)
e motor(motor fígado flex)
...
A grande máquina do bar
de grandes torresmões
bochechas pasteladas...
Um abdômen de dar inveja
tanquinho,

cheio de tapa na cara
tão máquina do bar
tropeçou na tristeza(como de costume bêbada e com saudades)
respingando mineira no copo de geral(mineira essência mé nosso pra cada dia ser de vida e paz)!!!

A máquina do bar puxou a cadeira
pediu pra rolar um milton
botou mais uma pinga..
falou toda a verdade...
tava já velhinha...
viu de garrincha ao zé
de Maia ao Chico...

Mostrava tamanho desgosto
quando lhe arrancavam da boca da noite
(bares são os dentes da noite)
já se sabia assim...
pra mastigar as coisa da noite...
mas protestou e me pediu outro milton....
Botou outra pinga....

Iniciou seus causos...
disse que tinha botado a fé numa garrafa de pimenta(pra mante-lá pura e com ânima)
disse que tinha botado a alegria nos copos

(quando quebra algum... nossa.... cacos chorando sem fim)
fé e alegria.....
Fiz saudação de despida com da cana ao causo....
Fomos apoiados um no outro até o dia mais próximo....
Sim....
até o dia assolar e pedir um bom dia!!!!


Pedro Maia e Cunha


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Na mesa de bar

Na mesa de bar
o chope é gelado,
o amor é falado,
... o sorriso é exposto.

O papo é gostoso,
a alegria é geral mas,
sempre falta um imortal
a ser lembrado ali.

Lugar magistral
onde depois do vendaval
vem a calmaria
e começa a nostalgia.

Na mesa do bar
corações se alegram
no encontro de amados
que sempre buscam a ela.

Antes ou depois de se amar
ali esta ela quietinha
a sua espera,
a companheira mesa do bar.

Rodolfo Andrade


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o verbo, a rua e a lua

Deus, o Omnipotente
criou o mundo através do Verbo
eu, menos competente,
... crio, através do mundo, o verbo
m u n d a r
e, por este verbo
eu mundo
tu mundas
ela munda
e nós
mundanos vagamundos
vagaluzimos pela noite
bebendo até ver o fundo
até uivar pra lua
reflexo no cálice
repetido na sarjeta
nas poças barrentas.
lua branca
lua cheia
com jeito de mundo
interior.
plenilúnio
onde Jorge da Capadócia
mata seu dragão.
Yê Ogum!
yeah, yeah, yeah
she loves you
(and you know that can't be bad)
música múndica
som de rádio de pilha
rasgando a noite metálico
mal sintonizado
no lago de fígado
lua branca em céu poluído
mundo insolúvel
de Raimundo
mundo dividido
desideologizado
globalmente esgotado
internacionalizado mundo
faminto empobrecido
sujo mundo de gente porca
em algum lugar
na noite do mundo, um bar
lâmpadas fluorescentes
copos com espumas
que traçam texturas de lua
Ogum na espuma do copo
cerveja de Ogum
churrasco de costela
assado em tonel na calçada
um gole pro santo na noite no mundo
lua no céu
cavalo dragão cavaleiro de lança
no princípio era o Verbo,
e o Verbo foi mundo
Yê, yeah!


Renato de Mattos Motta
Porto Alegre - RS

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Em busca da Felicidade
Embriagado eu bebo um copo de mel,
Já é manhã e acabei com as cervejas do bar,
Chutei o balde não quis saber de nada,
... Fiquei no samba até o dia clarear...
Sempre fui um cara de muitos amores,
Pretas, loiras, ruivas e morenas,
Mas caí nos encantos de uma branquinha,
Pensei que fosse minha alma gêmea...
Eu ofereci o meu mundo,
Assumi minha namorada,
Mas vivia implicando com tudo,
Coisas de menina mimada,
Proibiu o meu futebol,
Censurou a minha gelada,
Foi um tremendo absurdo
Quando implicou com a rapaziada...
Me desculpa meu bem,
Não me leve a mal,
Eu pertenço a boemia,
Aos amigos e o carnaval,
Não tenho paciência,
Pra brigas, ciúmes... Infantilidade...
O meu objetivo é evoluir...
Em busca da felicidade...
(Composição: Felipe Quirino)


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Meninos

Jamais tomei a porção do elixir
... que me trouxesse apesar do amargor
sentido inato pra todo o existir
perenidade de chama e calor

Jamais tentei que os navios do mar
coubessem todos em cada garrafa
que esvaziei em mil fugas de bar
Um peixe-espada cortando a tarrafa

Sobrevivi sem levar tão a sério
a Existência em elétrons meninos
Que a vida em mim elucide o mistério!

Encouraçado e ainda assim bailarino
Do Labirinto desprendo-me aéreo
Sem mapa, plano de voo e destino.



Jorge Ricardo Dias 

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ILUSÃO

Na mesa de um Bar, mente entorpecida
Bebi as mágoas em doses de tequila
Sem limão, sentindo a dor na ferida
... Garganta quente e gelo no coração
Desenhava com os copos vazios
As iniciais da minha desilusão
-Mais uma garçon, agora com sal
Para disfarçar o gosto das lágrimas
Para enganar essa dor universal
Sei que beber não faz esquecer
Mas ajuda a não enlouquecer
Amor embriaga e fere também
Da próxima vez só com moderação
Sorrindo e me divertindo na medida
Na mesa do Bar em comemoração...

Nina Barroso


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"Um balcão
e uma garrafa
Um homem
e uma desgraça"

Redson Vitorino


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Um comentário:

Gilson Faustino Maia disse...

Já diziam os mais antigos que todos os caminhos vão ao botequim. Aqui, com a confraria, não poderia ser diferente. Cada um com seu cada um, cada cabeça com sua sentença, cada coração (bem ou mal resolvido)com seus amores suas paixões. Mas, o que tem a ver o BAR com isso? Tem tudo. É ali o retiro, o ponto de encontro dos poetas, dos que buscam as amizades, às vezes novas, mas eternas. O garçon? Ah! Esse é o cara, o maninho do peito, o psicólogo, aquele que entende a gente. O BAR é o estádio onde assistimos o melhor futebol (na tv, é claro)regado à cerveja, apostas e gozações. O BAR está aberto, entre amigo, tome uma por minha conta!