sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Pais

Perdoem-me os pais, mas eu pensava que esta figura estava em baixa. Separações complexas, abandonos de lar, omissões, falta de participação conjunta, puladas de cerca colocaram os homens, pelo menos vários que conheço, em uma situação bem complicada perto do conceito do pai que tive, um grande herói, sempre presente, sempre amigo, sempre incentivador, sempre junto.

Quando meu pai me deixou, uma parte de mim foi com ele e, durante anos, o coloquei numa responsabilidade de Deus, como se, de onde ele estivesse, pudesse me ouvir, proteger, confortar.

Hoje, na maturidade, aprendi a aceitar que nem todos os homens do mundo são como meu pai, e até ver o valor que existe no pai do meu filho, tão diferente do meu.

Depois desse relato bem pessoal, digo que fiquei emocionada em como a figura do pai é importante para nós, poetas. Foi chegar seu dia e a Confraria se encheu de homenagens. Algumas são lamentos, claro, pois poesia é voz, é grito. Mas outras são declarações de saudade.

Com vocês, as emoções da nossa CPI!

Catarina Maul




Ouvindo estrelas

Meu pai agora mora numa estrela,
partiu sozinho para a imensidão.
Deixou-me vida, força e direção
e pela fé em Deus irei mantê-la.

E das estrelas ouço o seu recado
reconfortando o meu coração.
Diz-me que agora está tranqüilo e são,
que só há paz pairando ao seu lado.

E cada vez que à noite eu me calar
e me puser, silenciosa a rezar,
ouvirei sons que o céu sempre me traz.

Serão mensagens que meu pai envia...
Que junto a Deus descansa o seu dia
numa serena e verdadeira paz.

Catarina Maul
Petrópolis - RJ

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meu pai tinha rodas nos pés e um traseiro de três eixos. sempre atrasado para os filhos, se alimentava dos horizontes e poentes. nos olhos carregava o conhecimento do mundo e dos livros. temente ao seu Deus e à sua Virgem Maria, foi abençoado com o transporte da cruz da catedral do país, talvez seu maior trófeu. ausente das estradas foi companheiro pra família, pro cachorro, pros visinhos e pra sua doença que foi nossa também. enfim, deu tempo para as flores.
Alfeo Banharoli, seu nome e minha saudades.

Rosana Banharoli

Santo André - SP

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Tive um pai...
Não o conheci muito bem, na verdade...quase nada.
Era muito pequena, lembranças quase apagadas.
Ele se perdeu pela vida, o vicio o levou embora,
Minha mãe... uma heroína, 
chamou pra si toda responsabilidade,
duas crianças e um mundo agressivo.
Nos criou com muita dignidade,
Sempre estávamos em primeiro lugar em sua vida,
Nossa borracha da escola ao meio era dividida.
Mas, um dia ele voltou tinha lá uns 10 anos
Minha mãe o perdoou!
Porém, ele não havia mudado, o vicio não o largou.
Foi embora novamente e nunca mais voltou.
Já na maioridade, formada, trabalhando, alguém me ligou
Um primo que mal conhecia... dizendo: Seu pai...morreu.
Sentimento estranho o meu...não sabia o que fazer
Nada sentia e nada pude dizer.
Fica aqui meu relato:
Muito aprendi com tudo isso:
Aqueles que colocamos no mundo, aqueles que amamos,
Sempre estarão em primeiro lugar 
Mesmo que isto custe a minha própria vida!

Mãe... Feliz Dia dos Paes!

Tania Montoya
Petrópolis - RJ

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A falta 

Oi, que noite linda não?
Parece que tudo vai bem...
Tudo naturalmente, mas...
Esta faltando alguém...

Um pequeno pé de pinheiro no canto da sala 
e às crianças enfeitando-o 
para que Papai Noel se orgulhe 
da árvore que esta tão bela...

Sim, mais esta faltando alguém...
Todos se preocupando com tudo...
O que farei para ceia?
Quantas pessoas virão?

É... Mais esta faltando alguém,
que é você Pai e o destino levou.

Rodolfo Andrade
Petrópolis - RJ

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O VELHO DOS OLHOS VERDES


O velho dos olhos verdes
O velho dos olhos verdes
Como posso descrever?
Foi o maior dos homens
Que eu pude conhecer

Com sua sabedoria
Com sua sabedoria, colega velho,
Me mostrou como viver
Me ensinou dos seus segredos
Como tudo deve ser

E era manhã de domingo
Era manhã de domingo, colega velho,
Que ao correr ele caiu
Ajoelhado, cansado,
O seu coração sentiu

Até que uma hora a Iuna, meu Deus
Em seu ouvido soprou
''Velho dos olhos verdes, o teu tempo já acabou''

Abraçado ao corpo inteiro, colega velho,
Sua cria então chorou
Seu pai nunca morreria,
Mas o olho verde se fechou, camará

Iê!''

Rodrigo Barcellos
Petrópolis - RJ


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Pai eu já escrevi tantas coisas, já tive oportunidade de dizer o quanto foi especial na minha vida, lembro que a primeira vez que resolvi escrever de verdade, foi uma carta onde rasguei meu coração e pude dizer tudo a você de o quanto é especial. Tarefa difícil, pois estava em um leito , sei que era muito emoção onde quase seu coração parou.Hoje eu sou muito, porque me ensinou a ser nada, a olhar para vida, mas nunca perder o meu coração e a equilibrar minhas emoções. Ainda choro sua falta,por mais que não tenho sua presença física, continua fazendo morada em meu coração. Quando eu fecho meus olhos em momento de desespero eu apenas te sinto e vivo novamente. Já escrevi em meu livro uma homenagem de ti, mas aqui só quero mostrar a todos que o Greg filho vive porque tive o presente de ter você.

JG - Poeta da Alma
São Paulo - SP


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A caneta do meu pai
Obedece à minha mão
Traçando o sonho que sai
Da tinta do coração.

Alberto Centurião
São Paulo - SP


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PAI

deixa-me dizer em versos
o que por muito tempo
tenho guardado aqui

permita-me expressar
o amor incondicional
que imensamente sinto por ti

deixa-me confessar que
és meu símbolo de liderança
veio de ti minha auto-confiança
e essa voz de raio e trovão

permita-me lembrar
as muitas noites que ficaste em claro
as longas conversas que criaste
para ensinar-me
que a vida não seria fácil
que aquele momento passaria
mas aquelas palavras suas
para sempre me aconselhariam

deixa-me no dia de hoje
fazer-te um ser incomum
um herói sem uniforme
um humano que é todo coração

então entenderás
que para mim
muito mais
que hoje é teu dia
o teu dia nunca tem fim

teus são todos os dias de minha vida

do amanhecer ao adormecer
por ti um novo amor
sentirei

Chris Vieira
Porto Alegre - RS

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