sábado, 19 de maio de 2012

FERREIRA GULLAR pela visão da CPI


Estou achando o máximo que a Confraria esteja, no momento, mergulhada na vida e obra de Ferreira Gullar. Quem conhece pouco, conhece muito, deseja conhecer ou quer matar a saudade de sua poesia, é um grande momento... Não somente de sermos poetas, mas de sermos, principalmente, leitores e observadores.
Isso é muito importante para nossa maturidade literária. Vamos exercitar mais! Vamos ao desafio Ferreira Gullar pela CPI.

Por Catarina Maul



Ferreira Gullar

F ilósofo da Nova Concreta Poesia
E xilado outrora, por tortuosas mãos políticas
R efugiou-se, defendendo os cordéis da resistência.
R efez-se, a cada movimento,
E xcêntrico Herói da vida real e dos sonhos.
I mprimiu substancialmente a própria vida
R azão, racionalidade, sonhos e devaneios:
A ntidogmático mutável de intelectualidade ímpar!

G enitor de dupla esquizofrenia
U nificou os sentidos da sanidade e do delírio.
L utador incessante da outra face da moeda 
L aboras no peito, cósmico amor pela vida.
A ntevisor, está a frente desta época 
R ibamar, de São Luiz, Crítico Poeta de encarnada Filosofia.

Douglas Rhamsés

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UM POEMA DE FERRO E DE GULA

sujo a página com poema
podre podre mais que podre
orgânico
mais que isso vivo
pulsante 
cheio de cheiro cor 
cheio de tato e sabor
o poema vive
e é duro como ferro
malho ferreiro
ferro de Ferreira
é vivo
e vivo tem sede
um poema 
com sede e fome
fome que é desejo
desejo de fome gula 
gulosa tão gulosa
que vira verbo
o verbo Gullar
poema com ar de Rio
de ruas de São Luís
que fala de exílios 
e dos brasis

Renato de Mattos Motta

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Ferreira Gullar
Poeta assim como gosto
Plural singular

Jorge Ricardo Dias

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Ribamar

No Maranhão
De uma família-sem-lei,
Zezinho virou Poeta...
E o Poeta agora é Rei.

Seu nome de batismo?
José Ribamar.
Mas o legado,
Ah, esse tem sobrenome:
É Ferreira Gullar.

Edweine Loureiro

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OUTRO INSTANTE

Sou apenas um bicho
um lixo não sei
Se não me conheço
sem pé sem cabeça
sem fim sem começo
nem lembro eu esqueço
que sou transparente

Gilson Faustino Maia

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Ferreira Gullar

Zé nasceu no ano trinta 
em plena revolução 
Nilton, Alzira os pais 
na cidade Maranhão.

Apaixonado se foi 
a vizinha cortejar 
nos livros se debruçou 
para ler e namorar.

Foi de tudo nesta vida 
locutor e roteirista 
buscando parte perdida.

Foi preso e exilado 
indicado ao Nobel 
Gullar esta eternizado.

Rodolfo Andrade

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Ferreira,
Na contra mão da maré
crias em folhas brancas 
e virgens
fabulosos versos 
que cheiram a jasmim.

Gullar,
Foges da razão dos métodos
e te fazes grande Mestre
dos poetas informais
que te degustam
nesse teu cheiro de coisa nova.

Ferreira Gullar,
Eu, virgem, por folhas brancas
e tão bela arte sou possuído
e me entrego
aos teus versos
querendo assim cheirar poesia.

Alex Avena

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HOMENAGEM A FERREIRA GULLAR

É preciso
Sujar-se de mundo
Para saber dizer
Quão vivo ainda se está
E ser capaz de achar
Alguma poesia
No submundo que é a morte de um filho

Ao invés de chorar e calar,
É preciso perdoar a palavras
Porque elas não levam ao exílio concreto
A que um país pode enterrar seus filhos
E nem torturam, como a morte tortura de ausência
O pai que dá adeus ao seu filho.

Acontece que, uma vez sujo de vida e de mundo,
Aprende-se a perdoar a própria poesia
E, ao invés de chorar ou calar,
Ergue-se o homem com ela
Para dizer que nesse mundo sujo
Só ela é capaz de viver e perdoar.

Carmem Teresa Elias


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Movimento à Jugular.
Manifesto à Conde Drácula.
Em estórias de terror
As formas primitivas do amor
São possibilidades
Míticas de renovar
As vias alquímicas do laço.

O devaneio é o trovar
De regaços amorosos.
A morte é metonímica
O corpo é a mímica
Da memória de finos ditames
Dos mais altos amantes, em vida?

Um poema para O poeta Ferreira Gullar.

Fernando Sousa Andrade

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Pelo Poema sujo

Exilio

Lá fora
Faz lembrar
Que aqui dentro
Pulsa viva lembrança
Que faz viver.
A lembrança ?
Inquietude intima
Expõe.

malmal ®

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‎"Quando surge uma ideia, vou para a rua. Tenho prazer em conceber o poema no meio das pessoas que passam e nem suspeitam que ali, naquela hora, ele está nascendo" Ferreira Gullar

Vem, Gullar, para as ruas comigo
Buscar a poesia nas putas e bêbados
Recolher os versos nas muitas lixeiras
Tão cheias de glórias, tão cheias de adeus.
Vem lapidar no mundo as estradas
Buscar a essência nas madrugadas
Dos pichadores, dos sonhadores
Que recolhem estrelas e bebem com os anjos
O elixir dos exóticos.
Vem, Gullar, para o mundo comigo
Achar nossos versos no cotidiano
Sem métrica e plano
Olhando os muros 
que escondem donzelas
De amores e feras
Que roubam seus sonhos e seus hímens.
Vem, Gullar, estrangular a ilusão
De que a poesia está somente nas flores 
E nos colos das tias gordas.
Vem, Gullar, mostrar que os versos se escondem 
na gritaria das torcidas frenéticas do Maracanã 
E que os motéis de beira de estrada
São para muitos, divã.
Vem, Gullar, para a rua escrever a poesia
Frente aos olhos perdidos dos crentes
E do descrente no mundo
Que sequer conhece poesia
Que sequer conhece esperança
Que seguer conhece a si mesmo.
Vem, Gullar, andar comigo por aí a esmo!

Catarina Maul

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Cicatriz

Pela manhã
no meu “cedinho”...
tomo um café, leio poemas...
Ferreira Gullar. 

E ao som de Pink Floyd
viajo...

É como se em minha vida
houvesse um fundo musical
ao qual sonoramente
representasse tudo o que sinto...

Então, 
me vem à cabeça :

“Aqui
me
Tenho
sem mim”

Acordes cortam minha carne
Os versos do poeta marcam-me
Feito cicatriz.

Paulo Roberto Cunha


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A Busca

Lendo Gullar
Desafiei-me a mergulhar
Em uma imensidão.
Posso olhar e ver nada,
Mas se enxergar bem
Vejo tudo.
Meu nome...
Minha marca...
Sou a mistura do cheio
E do vazio.
Da junção de você, 
De nós e do Eu.
Eu sou traço;
Caminhos...
Solidão...
Sou voz,
Sou poeira,
Sou chão.
Sou passos...
Cruzamentos...
Introspecção.
Como diz Gullar:
‘’ Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo. ’’
Eu sou todos os elementos
Que se dissolvem, para depois,
Se formarem um.
Sou a desconstrução da obra perfeita
Porque, o que eu Sou?
Sou um Ser imperfeito em busca de 
Perfeição.

JG Poeta da Alma


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Rubi no umbigo

Ama as Terezinhas...
E Consola-se por escrever.
Contradição: finos tratos, talvez.
Talvez haja palavras que se possa converter para entender.

Poço acima do chão...
Assassinato, proletariado e policia.
Luta corporal é o galo que vence,
Novamente em brigas do bem contra o mal.

Osíris come flores no Rio...
Horário apertado mesmo assim alguém sempre se encanta
Se o pensamento vem claro...
Descomplicado, feito criança.

Discussão inútil!
Discutir com a literatura!
Discordância concreta, experiência fenomenológica...
Só a causar mais uma ruptura.

Quem escondeu a cultura posta em questão,
Absurdo da experiência e do experimentalismo?!
Quem matou Aparecida?
Por que querem sufocar Terezinhas em meu coração?!

De Magela e Carmem Teresa Elias

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Crime na flora ou Ordem e progresso...

a Ferreira Gullar

Quem matou Aparecida?
Na vertigem do dia
crime na flora ou Ordem e progresso...
João Boa-Morte,
cabra marcado para morrer.

Em alguma parte alguma - o formigueiro
um pouco acima do chão
travo a luta corporal
dentro da noite veloz
João Boa-Morte,
cabra marcado para morrer
História de um valente
por você por mim
barulhos - muitas vozes.

Na vertigem do dia
poemas
poemas sujos
os melhores poemas
toda a poesia.
  
Dentro da noite veloz
poemas escolhidos
antologia poética
e toda a poesia
na vertigem do dia.

Renan Pereira


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"FERREIRA GULLAR'TE"

LUTOU PRA POESIA SER ARTE,
IMPÔS SUA REALIDADE,
SUA EXPRESSÃO EM LIBERDADE...
FOI PERSEGUIDO, EXILADO,
MAS A POESIA, ESSA SIM VALIA...
O PREÇO A SER PAGO...
AUTOBIOGRÁFICO...
VIVIA E RESPIRAVA A ARTE EM FATOS REAIS,
SIMPLESMENTE MÁGICOS...
SEU DOM, SEUS IDEAIS...
FERREIRA GULLAR'TE...
A POESIA É ARTE!
PARABÉNS GRANDE POETA,
DE MENTE ABERTA,
SIMPLESMENTE MÁGICO! 
FANTÁSTICO!
FODÁSTICO!
SEM MÁSCARA...
ELE SIM É O CARA!
A POESIA AGRADECE!

Felipe Quirino


2 comentários:

Rodolfo Andrade disse...

Ferreira Gullar é figura ímpar e como tal é imortal entre os mortais.

Rodolfo Andrade disse...

Ferreira Gullar é figura ímpar e como tal é imortal entre os mortais.