sexta-feira, 18 de maio de 2012

SENTIMEXPRESSÃO - Guilherme Constantino

A Confraria da Poesia Informal tem o hábito, desde sempre, de unir-se a outros segmentos como forma de ampliar o sentido da palavra POESIA.
Sabemos que existe poesia em nossa visão, no cotidiano, no que vemos em nosso mundo, enfim, na essência. Nem sempre ela está escrita, codificada, contextualizada em versos.
E nessa percepção da poesia no mundo, um papo feliz com o artista plástico e desenhista Guilherme Constantino resultou em nosso novo e mágico desafio.
Amor à primeira vista! Nos apaixonamos pela obra dele e pedimos que nos enviasse algumas gravuras para que usássemos como tema de nossas poesias.
Ele topou na hora, mas não imaginou no que essa união de segmentos artísticos resultaria.

O encontro será exposto no sexto sarau da Confraria da Poesia Informal, a realizar-se no dia 13 de junho de 2012.




on

religião
política
cristo
satanás
novela
futebol
tanto faz
todos unidos
pela audiência
saciando
essa maldita
tela
que tem
dependência
do sangue
desse ser
prostrado
que abdica
da vida
e só vive
enquanto
seu televisor
está 
ligado

off

Alex Avena

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Carícia

Alheia a tudo ela vem
aliviando a dor do ser
acariciando sem toques a alma
admirando o dia corrente

Amiga leve e sutil
angelical que só quer o amor
anda por aí a fora
almejando o livre viver.

Atroz como a garça livre
alegre por ser leal sem cobranças
alva de tensas paixões latentes
amiga, sincera e verdadeira.

A vida regras lhe impõe
adversa à verdade humana
ambicionando “qe sá” a glória
abnegada e imortal de viver.

Acalenta na hora da dor
aguçando a mente serena
amável sem ingenuidade
antes de tudo pensante.

Rodolfo Andrade

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Ser mais

Não fujo do desejo
procuro sacia-lo
cada frase cada beijo
encontra o seu lugar

como pode um simples por vir
adiar a erosão
se é que tem que cair
nada impedirá a combustão

pois sempre a vontade vai surgir
com o desejo de sonhar
o gosto amargo na boca de hoje
amanhã será star

o beijo não dado passou
como a manhã que hoje veio
mordida que foi sentida
marcou virou esteio

Rodolfo Andrade

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Enquanto sonha

O corpo de aluguel não vem sozinho
A alma que o habita é de graça
A bruta criatura que o abraça
não sofre a economia de carinho

O verbo amar é o quarto conjugado
O gozo simulado é pra esconder
o verdadeiro gozo que é ter
no escuro enfim seu príncipe encantado

Enquanto sonha afia o canivete
Não ser mera tragédia das manchetes
é o sonho mais palpável do momento

E a tara que mais pede a clientela
é a noiva virgem das telenovelas
que um dia ela usará no casamento

Jorge Ricardo Dias

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self service
prato principal
puta
bandida
com
ideologia gorda
demente
putrefata
parida
nos pratos
pelos filhos
da Pátria
"querida".
quem se importa?
sim nós importamos!
fragmentos
de histórias
terceiras
trazidas
em containers malditos
pra fugir
do imposto
que cobra tua Glória.
vomitando
em teu solo
e arte
restos
dessa refeição
maldita
que alimenta
essa gente
esquisita...
um brazil
no Brasil.
lençóis de ferida
cobrindo o solo
de quem
desconhece
a própria história!
caos
produzido
escória...

Alex Avena

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Ausência livre

Chegou o momento
de dizer adeus...
Foi bom!
Estou aqui
distorcendo minha alma...
Lavando meus sentimentos,
mergulhando na tua ausência,
escorrendo lágrimas de libertação.
Posso parecer sem sentido,
mas quando olhares para mim
verás que sou livre; 
um ser navegante na 
carência do meu Ser.
Pare tudo, e ouça
o que falo através
do meu silêncio.
Adeus!
Hoje sou um homem
nadando nas ondas
dos infinitos sentimentos.

JG Poeta da Alma


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Sacrilégio

Pudor
pavor
horror
violência.

Querência
clemência
perdida
sentida.

Vivida
sofrida
ilusão
felicidade.

Sofrer
razão
podre
pobre.

Na vida
vale
viver
feliz.

Rodolfo Andrade

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Lupus Sapiens

Lá vai o homem que é lobo do homem
Legislador de loucas leis latentes
O olhar lampeja por detrás das lentes
Lobo de si, lateja o lobisomem

A noite brilha, elétrons, vaga-lumes
A lenda fala em límbicos lamentos
A pele, os músculos e os ligamentos
lustram a lâmina que tem dois gumes

Líquida lápide, a lágrima rola
O anjo eclipsado num demolidor
na mão que acalenta enquanto degola

À luz da lua dilui-se o furor
Em solidão litúrgica se isola
Dilacerado em luta com sua dor

Jorge Ricardo Dias


+


Porcos em chiqueiros particulares!

Dê-me um Sonrisal que estou enjoada de tudo
De engolir esse mundo num rodizio surreal
Compulsão e vicio em banquete mudo
Onde engasgo sem parar esse veneno tão real. 

Excesso de gordura, névoa espasma escura
Entrando na garganta sem mastigação 
As dores que me servem tem textura dura
Rompem meu estômago na perfuração. 

Insensatez na escolha desse alimento
Que gostar eu tento, mas é impossível
Mesmo assim vou engolindo, sem um tratamento
Que torne esse processo algo menos terrível. 

Inchando lá vou eu de tanta porcaria
Servida na bandeja desse mundo cão
Sem líquido, sem óleo, temperatura fria
Amargor e ardência no tempero da ilusão.

E nem tem talvez, ao menos, senão!!!


Catarina Maul


+


mostro-me a exceção da atual sociedade do magro, do reto e do raso
mostro minha barriga de guardanapos, copos e pratos
mostro minha ignorancia ao discurso convencional, bobo e chato
mostro meu sorriso amarelo frente ao seu mundo de fluor e sorriso acolgatado
minha gula não é pecado capital...
tenho gula ao engolir o que ninguem mastiga..
e vomito o desagradável em seus belos pratos de comida
.
.
.
não tape os ouvidos, eu existo!

Gabriel Kopke
Petrópolis - RJ



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Grito.

Agito
em lá sustenido...
A folha em branco aguarda
para transpor a muralha do pensamento...
Condensado, isolado, que sozinho canta... poema.
Saído da garganta, ficou gritando na folha, tampa de rolha... Plá!
Fez-se o verbo escrito do interior que clamou para ser difundido. Emoção!? Não!
Não é em vão!!! Nasce o poema, o alivio do dilema... Esperança!? Grito que veio do coração.

Luana Lagreca


+



Medo

Tenho medo.
Algo forte move dentro de mim
De repente pareço não ser capaz,
Palavras sufocam...
Tentam aprisionar a alma
Vozes sussurram...
Será que você é capaz?
Tomado por uma agonia
Que dá urticárias psicossomáticas,
Arrasa o espírito. 
Imediatamente,
Alimenta-se de uma força
Mil e grita
Chega!!!
Eu sou capaz!

JG Poeta da Alma


+



Loucura
Hei
De gritar
Até que exploda
Minha garganta...
Pássaro Engaiolado
Que em desespero
Desencanta.

Hei
De gritar
Um grito áspero e
R a s g a d o
Até te incomodar...

Hei
De gritar
Até que exploda
Minha garganta...


E se não escutar
Terás todos os demônios
Deste esforço
Todos...
Pra te atormentar.

Hei de gritar!!!

Paulo Roberto Cunha


+



pessoas
são pele
e osso
(dos pés
ao pescoço)
e na cabeça
eterno
alvoroço

Germana Zanettini




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Uma cegueira me invade ,onde meu sol?
Chuva de sangue insiste em macular minh’alma
Estou esgotada, não tenho como explicar
Sede sim, mas forças pra berber-te, não
Rastejo...quero dormir...sono sem sonhos
Meu coração se desgata com a miséria do meu sofrer
Mendigando ele vai aqui e ali em busca do querer
Escrava sou de uma saudade que não sei de onde vem
Olho mais ainda pra dentro de mim, acordo
Não te faças de desentendida...
Esforço um sorriso, mas não quero que me tome
Preciso sentir o universo interno em sua totalidade
Vou ao meu colo, me nino, me adentro
Estado de coma, sou roubada, retirada
Castelos desmoronam violando a felicidade falsificada
Calei-me, quero morrer...

Ana Lucia Souza Cruz


+


FALTA-ME LUCIDEZ PARA EXPLICAR O MEU VERSO

Tolhe, machuca e embaça!
Nitidez de existir que a solidão maltrata...
Perdido em ausência no espaço infinito,
Átomos e células taciturnas procuram o teu corpo,
E a essência da tua alma.

É na saudade que falta a imensidão!
No momento negro de quem tem um amor. 
No calor e no brilho da estrela que se entrega finita... 
Falta de lucidez para explicar meu verso!

É nesta hora derradeira que me falta o teu corpo!
É que me falta desculpa...
Na imprecisão de matéria!
E da compreensão mais oculta.

Quando sua ausência subjuga com realidade!
Quando o brilho de teus olhos parece profano!
Perdido na imensidão desse espaço...
Eu grito desesperado o quanto ainda te amo!

Carmem Teresa Elias e De Magela


+


Pranto


De tanto que ela chorou
Parou
As “lágrimas” permaneceram

Molhando o mesmo caderno
Sob a mesma mesa
Na mesma sala
Numa mesma casa

Mas ela não era mais a mesma
E o pranto recomeçou
Desta vez, sem lágrimas

Sem caderno
Sem mesa
Sem sala
Sem nada

Pranto sorridente
Choro contente
Ausência um tanto presente
Por tudo que ela queria

...Sem saber

Permanece na busca
Com pranto
Sem lágrima
Somente ...ela.

Carolina Lafaiete


+


Inverso

Choro...
Calado...
Apertado.

Silêncio...
Escondido...
Sem revelar meus passos,
Minha alma grita;

Aflita, tenta correr,
Mas não consegue,
Parada de dor;

Correndo...
Correndo...
Fujo.

Fico preso,
Jogo tudo pra fora...
Deixo sair tudo de mim;

Agora sou outro.
Corpo estranho...
Lágrimas lavam meu corpo.

Não sou solidão,
Nem ausência;
Sou inverso dos teus olhos.

Inquietudes...
Vaidade...
Deixe-me acomodado.

Não sou piedade,
Apenas respiro
No repouso de minhas
Insígnias,
Conquistadas pelos ocultos 
Que sondam minha alma.

Não me olhe assim!
Apenas preciso ficar aqui
Em repouso profundo.

Não tenho nada de errado,
Só espero o amanhã.

Pois amanhã...
Ah! Amanhã...
Será inundada pelo guerreiro, 
Que rasgou sua alma
E renasceu.

JG Poeta da Alma
São Paulo - SP


+


nu

na pele crua
a verdadeira face
face à carne
faz-se nua

- farto
o homem 
em descaminhos 

revira o lixo da história
procura pétalas
- asas escassas

na sorte da rua
colhendo migalhas
da própria amargura

sem lume
e nenhum perfume
volta ao beco

- ainda oco de tanto eco -

Cláudia Gonçalves
Porto Alegre - RS


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Um de nós é uma faca
Corta,fere, sangra e mata
Mata a conjunção
Sangra à exaustão
Fere a vaidade
Corta os nós
És só.

Malmal Suzi Malagoli

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Homenagem ao Governante


Vivo de arte
Morro de fome
Mas sem a arte eu morro
Tenho fome de vivê-la
Quem sabe um dia
Eu, poeta, viva da poesia!
Enquanto isso
Penso o dia inteiro
Sobre o que é feito na política
Tem verba pra suborno
Pra putaria e puteiro
Só na cultura 
Esse corno
Não investe dinheiro

Alex Avena


+


Já dizia o sábio maldito:
"Todo homem é uma estrela!"
Concordo, convicto,
Porém, apesar de sê-la,
Em potencial,
Nasce sem seu brilho natural.

Na busca deste elementar atributo
Deus se faz diminuto
Desapega-Se de sua altíssima posição
E em Seu mais misterioso ato
Apaga da mente a noção
De sua sagrada condição e, de fato,
Veste-se de homem

Todo homem é um personagem complexo
E Deus, ator e autor
Deste drama sem nexo
Porém tão sedutor
E nada conciso:
Um sagrado Teatro do Improviso!

Alexandre Tavares


+


Toda lei e toda mentira 
todos os olhos sobre o mundo 
Com mil olhos sobre nós

como moldar a realidade
a regra e a vontade
"fazes o que tu queres"
como quem quis o disse
E assim o fez

Há de ser tudo da lei
Assim faz o sábio que escuta
E tens aquele que oculta
nas entrelinhas e nas esquinas
Toda a verdade do mundo, na estrela
Guardada em um triângulo, presa em uma maçã

Fernanda Lyra



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O Rei do Mundo

Vagando pelas montanhas
Gigante num espaço inabitado
Vive só o Rei do Mundo!
...12 pássaros negros voam 
Celebrando esse duro legado
Viver só tendo todo Mundo!

O que é ter o Mundo?
Uma estúpida ilusão.
Sábio Rei que vive só
E de si não tendo dó
Vive na companhia 
Do seu próprio coração.

Alex Avena

..................

Pensante

Mente aberta em busca de sentimento 
que brota da união de quem vive o amor 
latente lascivo qual chama que arde 
vento que sopra e machuca sem doer.

Do broche brocado surge somente 
a marca na pele sensual sem por que 
outrora medusa iludindo viaja 
petrificando sentimentos de puro por vir.

Tens gosto amargo da dor injusta 
o puro não teme caminha sem medo 
perdido vai sem demora o outro 
arrependendo-se das dores que outrora causou.

Os olhos vermelhos lamentam por que? 
Se viver é a sina de todo vivente 
que chora, que ri
e não teme a morte. 

Rodolfo Andrade


+


O que me ronda?
É uma noite , um desalinho
É uma dor , um desatino
Como conter esse vulcão?
Quero explodir! 
Delírios...
Lanhar tua pele 
Morder tua boca
No meu querer mais que imperfeito
Endoideço, e
Procuro
Eternizar cada instante
Pois o que me ronda é a morte!

Ana Lucia Souza Cruz


+




Tatuaram mentiras as quais acreditei...

Mergulho numa dor que trespassa minh’ alma
Maldigo todos os absurdos que me atormenta

A sua ausência amargurada em minha carne rasgada
Num lamento que mudamente assassina meus sonhos

O meu sorriso morre ...
Me cure dessa chaga aberta , me liberte!

Ana Lucia Souza Cruz


+



Sinto a presença
Que fere e maltrata
O coração...

Queima esta
Ausência vivida
Num perfume
Sem toque...

Sangra minh'alma
Como a própria carne
Ferida!

Deste estigma louco
Que tornou-se
Minha
Vida.

Paulo Roberto Cunha


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