terça-feira, 12 de março de 2013

Desejo

Ilustração de Guilherme Constantino

O nosso beijo evitado
No imaginário suspenso
Tem o sabor mais intenso
Do que qualquer outro dado
Alquimia de poesia
Numa poção de pecado.

Catarina Maul - Petrópolis/RJ

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Encontro de  Corpos
Organizo calmamente os travesseiros
Para neles mergulharmos os instintos
Na frenesi da previsão, pois nossos cheiros
Juntos, provocam os desejos mais famintos.

Aguardo nosso encontro tão fervente
Voraz devoro toda a sintonia
No improviso tão real e delinquente
Desse teatro que descontrói a harmonia.

Um pacto entre nós, dança perfeita
Calores tão intensos, só loucura
Quando vem, a minha agenda abre e aceita
E rompe com qualquer outra estrutura.

E assim, nesse tintim dos nossos corpos
Fica o orgasmo do encontro e plenitude
Depois remanso, calmaria, tempos mornos
Para acordar do que foi tudo... longitude.

Catarina Maul - Petrópolis - RJ 

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Flor-candura

Todos os sentidos
Trago em estado de alerta
E em meus campos eriçados 
Desliza a fina flor que me desperta...

Bebe do suor de minha tortura
Esta rosada umedecida 
Flor candura...

Loucura! 

Faz pulsar todo meu corpo em seu leito,
Eu me deleito e me esparramo
No vigor dos beijos ardentes...

Então com os dentes, 
Eu liberto tua fenda...
(Angustia-prisão) que o fora antes
Da tal
Renda.

Paulo Roberto Cunha - Petrópolis/RJ

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Só dela

Meu desejo
Por entre olhos certeiros permeia
Por sorrisos canteiros passeia...
A florescerem minh’alma.

O meu desejo, 
Me molda, me arrebata
Ao falar-me aos ouvidos...
Quase me mata.

Assim, este desejo
Que a mim devora, me tem
E como um brinquedo,
Sou dela...
Sou dela e de mais ninguém.

Paulo Roberto Cunha - Petrópolis/RJ

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Meu desejo

Manhã de sol, na rua a multidão
caminha mergulhada em pensamentos.
Cada um com seus nobres sentimentos...
Quanto amor, quanta dor, quanta emoção!
Quanta gente curtindo uma paixão!
Tenho um desejo: vê-la, simplesmente,
desfilar na calçada, bem contente,
passar por mim, assim, ao natural...
O mesmo olhar, o passo habitual,
sem pretender mostrar-se indiferente.

Gilson Faustino Maia - Petrópolis/RJ

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O querido

Quero o caminhar lado a lado
o rosto colado
o abraço apertado
o beijo ganhado
ou mesmo roubado

Quero o chegar sem aviso
o amor de improviso
Quero o gozo do riso
o olhar com sorriso

Quero fazer amor e poesia
sarau a dois
liturgia
ganhar flor no outro dia
e ver no cinza
alegria 

Luciana Cunha - Petrópolis/RJ

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Jorge Ricardo Dias - Rio de Janeiro/RJ

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Desejo-Necessidade

De todos os beijos que dei, quero o gosto
De todas as flores que vi, quero o aroma
De todos os mares onde nadei, quero o sal
De todos os sonhos que vivi, quero o encanto
De todos os sons que ouvi, quero a harmonia
De todos os abraços que recebi, quero a candura
De todos os rumos que tomei, quero o norte
De todas as escolhas que fiz, quero a sorte
De todas as Luas que admirei, quero a pureza
De todas as vidas que eternizei, quero a alegria
Quero tudo que vivi ...
Que ainda vou viver ...
Os caminhos que segui...
Que ainda seguirei...
Além desse mundo, dessa densa realidade...

Ana Lucia Souza Cruz - Campos dos Goytacazes

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ABSTRAÇÃO E DESEJO

Desconforto , Abstração e Desejo
Talvez a poesia seja o maior estrago que se causa ao outro!
Como palavras indistintas de mal e benção...
Criança que no próprio medo ressente, ansiando tranquilidade e paz.

Desconforto quando sua palavra excede...
Excede na intenção e até no pecado de amar.
Tem a pressa para não morrer em abstração em seus lábios
Quando se sabe que é em desejo que a vida se faz

Em cada verso envolvente há um estrago...
Um e no outro...Parecendo ficar mais clara esta eterna procura!
Na harmonia sonora de quem escuta as ondas a tempos...
A verdade do mar pede essa loucura!

Desconforto...
Porque nem todo verso traduz o sentimento mais intenso do seu beijo...!
É só mais um caminho que vamos sofrendo...
É só o segredo do mundo: abstração e desejo.


Carmem Teresa Elias e Roma Magela

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Desejo escorrer entre seus dedos
Me perder no seu pensamento
Ser mais forte que o teu medo
Te mostrar o que é intenso
Desejamos juntos, nos entregamos no todo
Beijos, olhares e toques
Te entrego meu ser, te provoco
E nos teus sintomas acho os meus sentidos
O prazer já adoçado
A flor da pele, a flor do meu beijo
Meu corpo todo aguçado
São gritos de puro desejo

Claudia Marinho - Petrópolis/RJ

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Doce Contemplação

Hoje enfim serei tua
ao som de uma canção...
feito menina ingênua,
inicio minha sedução!

Bocas que se unem com furor
línguas que invadem nosso ser,
mãos que afagam com vigor
corpos em busca do prazer.

Pele que se inflama pelo tesão,
cheiros que estimulam os sentidos,
batidas aceleradas do coração,
enquanto ouvimos nossos gemidos.

E na cadência dos movimentos
nossos corpos rumam à satisfação.
Uma profusão de sentimentos
que culmina com uma explosão!

Com o desejo enfim saciado
nossos olhos se encontrarão
ficaremos assim, lado a lado,
numa doce contemplação.

Elciana Goedert - Curitiba/PR

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Desejo

Aqui num quarto fechado 
escuto o rádio sonoro 
só te queria ao meu lado 
não sei porque não mais choro.

O quadro ali é sozinho 
no canto alegre só dança 
nunca te esqueço, jamais... 
Você não me sai da lembrança.

A música de dor fala 
não tenho como voltar 
meu eu triste se cala.

Porque não voltas agora? 
Não tenho mais argumento, 
sem você a vida chora.

Rodolfo Andrade - Petrópolis/RJ

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Desejo a sua boca

A ideia da sua boca excede!
Na loucura do êxtase trancado num quarto.
Na beleza sem alma do amor que disfarço...
Quando a sedução judia o que a vontade pede.

Peço esse mal!
Esse caminho sem volta.
Esse trago que entorta...
Peço o seu sal!

Porque te querendo eu me vejo!
A vida não mais me isola...
Judiado eu me rendo...
E nem a solidão me assola.

A ideia excede porque é parte de nós!
Lenitivo e acalanto,
Sem lágrimas e remorsos.
Bem que me faz e, nem te digo o quanto.

Roma Magela

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Desejo, café e a saudade

Sentimento gostoso é esse...
Paladar do café na tarde de verão
Com todo jeito de outono.
Vai descendo a garganta e renovando vontades... 

Boas vontades ao te ver passar
Tendo saudade quando se sabe sorver a vida assim:
Bebida quente no final de estação...
Preceitos para existir. 

E depois te encontro novamente...
Aquele mesmo olhar de quem não precisa de assunto, 
Pelos gestos contentes, na mesma dose,
Saudade e café são servidos juntos. 

O café desce gostoso e quente! 
Tuas mãos, nas minhas fazem-me delinquente... 
Por ficar pensando em tua tarde dentro desse “quase” outono
Que engulo junto da tua ausência e a esse abandono. 


Roma Magela/Carmem Teresa Elias.

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SINAIS

A pele entrega o que sinto
arrepiada, mas não de frio
Uma taça de vinho tinto
Uma postura de desafio

Olhar intenso, que inflama
Revela o desejo contido
O corpo inteiro reclama
Resistir já não faz sentido

Torno-me então sua refém
Entre seus braços cativa
Promessas de ir mais além
Depois de provar sua saliva

Elciana Goedert - Curitiba/PR

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Deixo o desejo à cama
digo incontesto
meu sabor ao vento
de hologramas
de mil gracejos...

Parto o desejo e mais
dele sou contento
nas ruas tantas
nos seus desenhos
flores ,litografias...
paisagem fosca
de algum brinquedo

Deixa que a parta
que a desfaça
que a liberte
desse visgo na palavra
dessa casa simplesmente
corpo exaurido
alma que borbulha 
sons 
sons
sons 
rarefeitos
dor que ofega
rastro de luar
no dorso,
Billie na calçada
Holiday na calçada...
flores,litografias do meio
do lado
do dentro...

Leonardo Fonseca - Petrópolis/RJ

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Tão só desejo

Sobre e com
a costura do algodão
içando calor extremo 
fricciono o rosado botão
e a dor dói mais
assim quando ao veneno
das estancias do calor
em solidão...
Partida em sudorese
e lacrimais espasmos
não mais frasco de sonho
ou catacrese!
O que aqui dentro
não mais perece
parece ao longe
imagético
quando ao pensamento
estético
estático cresce...
E ainda assim é você
sendo em pessoa ou ensejo
sendo com raiva ou prazer
sendo com ou sem gracejo...
Algo em mim 
assim escorre
em rio que sim
nunca morre
nas torrentes da luta
ou do porre
perdida nos breus do desejo

Juliana Gaillac Brasil - Petrópolis/RJ

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SONETO DO DESEJO

Soturna, amiúde, é a vontade não saciada
Ares e Afrodite capturados em rede
A fome não contida ou morrer de sede
Cegar-se até perder o rumo da estrada.

Que a vida não passe totalmente em branco
Por não encontrar a tal saciedade
Procurando no vazio da intimidade
A vontade é uma lança que atinge o flanco.

Poderia, então, abandonar o ensejo
Para não dar espaço para tal tormento
Ainda que o querer seja mais forte

A emoção conspira contra o pensamento
E o ser, esgotado, fica à própria sorte
Ofertado ao faminto lobo de nome 'Desejo'.

Giancarlo Kind Schmid - Petrópolis/RJ

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Os Amantes

No embalo de dois corpos suados
líquidos escorrem pela nudez
entre os membros entrelaçados
mãos delineiam a macia tez

Uma boca sedenta busca a umidade
outra geme, num êxtase visível
Depois, formam uma só unidade
na busca de todo prazer possível.

Após os desejos serem saciados
permanecem unidos... ofegantes
então no leito tombam, rendidos
jurando ser eternos amantes!

Elciana Goedert - Curitiba/PR

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Efêmero

Dois corpos efervescentes
No jogo do contato atroz
Amarras, laços, quase nós
No compasso de uma dança irresistível.
Vulcão intenso
Revolvendo os desejos mais profanos
Atos, fatos, tatos... planos
Entrega ao sabor indiscutível.

Intensidade
Suor a escorrer pelas entranhas
Entrega alucinada aos sentidos
Sons, gemidos.

E depois...
Um corpo para cada lado
Olhar no alheio, 
Mundo tão calado!
Nenhum gesto ou palavra
Nada...
E parece ter mil horas de vazio a madrugada! 

Catarina Maul - Petrópolis/RJ

2 comentários:

Carmem Teresa Elias disse...

Mais uma empolgante postagem de nossos trabalhos, fruto de poesia que rima com amizade, carinho e participação. Parebèns a todos nós !!!!

Carmem Teresa Elias disse...

Confraria da Poesia Informal : Visitem, apreciem, comentem, compartilhem !!!