segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Dia da Árvore - 21 de setembro

Dia 21 de setembro comemora-se o Dia da Árvore,  esta parte tão relevante do pulmão da natureza, que nos dá flores, frutos, madeira, sombra.
Para a árvore a Confraria da Poesia Informal também rendeu suas homenagens.
Fica aqui, na abertura desse post, um poema lindo e histórico do eterno Salomão Jorge, que fala tão bem sobre o assunto.



A VOZ DA ARVORE

Não me maltrates porque Deus castiga
aquele que me fere é ingrato e impuro
eu sou a macia sombra que te abrigas
o ar que tu respiras leve e puro.

Sou o albergue do pária nos caminhos
e como tu padeço sonho e penso
sou tambem jardim ,jardim suspenso
onde se orquestram as canções dos ninhos

Homem ao céus levanta a tua prece
e agradece ao Senhor clemente e eterno
nas longas noites úmidas de inverno
sou o calor em que teu lar se aquece

Fazer o bem me empolga e me consome
ser o teu teto ser tua rede
ser a linfa que te mitiga a sede
ser o fruto que te mata a fome

Na minha fronde cantam esperanças
passaros trefegos contentes
feliz eu sou a cama em que descansas
e em que dormem teus filhos inocentes

Se dos meus frutos ricos te alimentas
e respiras o odor das minhas flores
tantas vezes acalmo as suas dores
sendo o braço de tuas ferramentas

Procuro distrair-te da tristeza
e defender-te do tufão que arrasa
não te esqueças que sou tua mesa
e que tb sustento tua casa

Sou bordão em que velho tu te amparas
sou berço dos teus primeiros dias
a viola que soluça em noites claras
o rimário das tuas fantasias.

Sou o papel a nobre e eterna ponte
que liga o ocaso ao fúlgido arrebol
Jornal eu levo a vida ao vale ao monte
Livro sou a arte ,a ciencia o pão ,o sol.

Dei-te do cerne rude do meu peito
os barcos com que tu singraste os mares
sou a imagem do teu ideal perfeito
entalhada na cruz dos teus altares.

Se morres como é igual a nossa sorte
sou a tua verdadeira amante
eu sou teu caixão e fiel constante
parto contigo para a própria morte

Salomão Jorge


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MAGNÓLIAS

De vez em quando....
Aplico gotas de perfumes às palavras 
Favoreço algumas, que já nascem coloridas
Reforço essências em outra, e finalmente fixo ideias.

Magnólias combinam com o suor:
Trazem à testa o aroma de sensualidade;
Num cheiro agridoce tentador...
Exalam promessas de verdades.

Em emanação mais doce...
Como, quando se diz “ te amo”
Flores brancas , amarelas, pelas ruas enfeitadas
Aliam-se ao perfume de quem não precisa dizer nada!

Enquanto você se distrai em suas viagens...
Juro, não invadirei o seu jardim!
Pois o que é exuberante sempre floresce...
Palavra com um bom perfume, jamais se esquece!

(Dedicado às magnolias da Avenida Koeller)

Carmem Teresa Elias e Roma Magela – Rio de Janeiro / RJ e São Paulo / SP

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Briga de Travesseiro, Paineiras e a Saudade


...Já viu a paineira florida lá no fundo do quintal?
Nós não temos mais o tempo que tínhamos,
Mas olhando-a toda florida...
Posso dizer que não tem igual.

Lembra das nossas travessuras...?
Quando brincávamos de esconderijo em seus galhos...
Lembra quando escrevi o seu nome...?!
Na altura de seu ombro?

Lembra quando apanhamos muito
Por brincar de guerra de travesseiro
Espalhando as painas pelo chão...?!

Naquela época, a primavera tinha cor de flores
E a saudade ainda era toda rosa...
Nossos passos eram leves
Entre a maciez dos frutos que pegávamos

E a vó gritava lá fora:
Corre , corre, colhe tudo antes do vento!!
Que Saudade!
Como era bom o teu sorriso colorindo o tempo!

Carmem Teresa Elias e Roma Magela – Rio de Janeiro / RJ e São Paulo / SP


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Morfando


Verdade,
vontade,
maldade,
quimeras.

Esperas,
demoras,
saudades,
agora.

Aflora,
sentidos,
guardados,
profundos.

Fundos,
buscam,
sofejos,
breves.

Leves,
macios,
querem,
você.

Vênus,
Afrodite,
Morfeu,
deseja.

Rodolfo Andrade – Petrópolis / RJ


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Bonsai

Presa dentro de mim
Limitada a solidão
Numa agonia sem fim

Limitada a solidão
Da busca eterna
Do homem a perfeição

Da busca eterna
De afagar a alma
Pura e terna

De afagar a alma
De diminuir coisas
De perder a calma

De diminuir as coisas
Árvores e Pessoas
Combinações doidas

Árvores e pessoas
Alma Bonsai diluída
Julgam más, julgam boas...

Almas Bonsais, diluídas
Para se encaixarem ao mundo
Das pessoas diminuídas.

Janaina Barroso – São Bernardo do Campo / SP


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AS FLORES DA SAUDADE


Em miúdos toque, em suave aproximação,
Pequeninas gotas repousam silenciosas em minha janela.
Tímidas, fazem-me convites
E provocam despertares inconscientes.

Chove bonito. Chove em paz.
Lá fora, um brilho de verniz emana da paisagem.
A catedral, o rio, os casarões adormecidos,
Os morros floridos por árvores roxas resplandecem.

As flores da Quaresma
E até mesmo os telhados velhos
Cintilam úmidos
Revestidos de súbita mocidade.

Os sentimentos, as cores, a natureza, as flores, às vezes, se combinam.
Há flores que não comportam o peso das gotas,
E, vencidas, deixam escorrer por suas pontas
Suas muitas águas acumuladas.

As flores têm cor de saudade,
A chuva tem luz de novas idades,
E os meus olhos, comovidos,
Se desmancham diante dessa fragilidade.

Não sei se é a chuva ou se sou eu mesma
Há sentimentos que chegam também de mansinho.
Chegam bonito... Chegam em paz.

Consola-me saber que, assim como as flores
Despencam chovidas da Quaresma ,
A Saudade que hoje choramos também se esvai,
Desmanchando-se, aos poucos, pelos dias.

E os amores, os remorsos, o abandono
Sutilmente se desprendem das dores
E cedem passagem a outras primaveras.

Pela manhã, o sino da igreja anuncia um novo dia
E as pessoas caminham à margem do rio,
Pisoteando, sem perceber, as pétalas roxas
Esquecidas pelas ruas de suas vidas.

Carmem Teresa Elias – Rio de Janeiro / RJ


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ÁRVORE DO PASSADO

Árvore da minha infância
que tanta sombra me deu!
Meu mundo um dia cresceu,
você ficou à distância.
Eu não lhe dei a importância
que você bem merecia,
mas juro que qualquer dia
eu estarei aos seus pés;
verei a sombra ao invés
de sonhar na poesia.

Gilson Faustino Maia – Petrópolis / RJ


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VENTOS VELOZES
PASSARAM POR MEU CORPO.
LEVARAM TODA RISPIDEZ,
SENSAÇÕES ESTRANHAS.
DEIXARAM SEMENTES,
QUE DESCEU PROFUNDO EM MEU CORPO.
VENTO FORTE,
SOPRO INTENSO,
UHHHHHHHUHHUHUHUHUH......
BROTOU,
NASCEU,
SAIU DE MIM LINDAS FLORES...
NOVO HOMEM,
VERDADE,
VIREI?
ALMA FLOR,
FLOR HOMEM.

JG POETA DA ALMA – São Paulo / SP


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No interior da Amazônia, há uma árvore de 45 metros, que em seu interior
produz um tesouro que quase ninguém conhece: O óleo de Copaíba. Aqui vai meu poema sobre essa maravilhosa árvore.


Tesouro da mata

Desde os tempos remotos
Tempos idos
Índios
Nativos
Animais silvestres
Seguem o aroma da Copaibeira
Árvore nativa da Amazônia
E de lá
No silêncio da mata
Extraem seu precioso óleo
Óleo de copaíba
Poderoso
E restaurador
Cura
Renova
Salva vidas
Ganhaste o mundo
Com teu princípio ativo
Ativas a vida
E o bem estar em nós

Jane Marques – Petrópolis / RJ

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SOMBRA DA TARDE

Eu gostava de sentar-me à sua sombra
e recostar-me em seu tronco
enquanto a tarde passava
branca e ensolarada
sobre nossas copas.
Ao redor, as pessoas passeavam distraídas,
cuidando de suas coisas
como quem cuida de vidas
singulares e quase extintas.
Foi numa dessas tardes vadias
enquanto, mergulhado na leitura de um livro
era levado para longe de mim, dali, de tudo,
que notei sua primeira lágrima:
uma folha quebradiça, escurecida,
caída - ao meu lado - sem vida.

Depois caíram outras
e outras
e outras
até que caíssem todas
e não restassem mais
do que galhos pelados
apontando para algum lugar
impreciso no céu.

Tardes e tardes passaram sobre nossas copas
extintas - brancas e ensolaradas -
até que o vento levasse - uma a uma -
as lágrimas todas para morrerem afogadas
nas tranqüilas águas
do lago.

Ainda assim, eu gostava de sentar-me à sombra
de seu tronco e de seus galhos
e recostar-me nela
como se me recostasse no trono sagrado
do rei de um remoto reino perdido.
E ficar sentindo o cheiro de suas tardes
que descansavam terrosas e escuras
e cobriam o chão à minha volta.

Não estava quando vieram levá-la.
Soube por uns que estava condenada.
“Condenada a quê?”, quis saber,
“À morte.”, me disseram.
Nos dias que se seguiram
eles vieram e levaram as outras.
“Por quê?”, quis saber,
“Para salvá-las.”, responderam.

Em seus lugares, então, vi brotarem
bancos de pedra, postes de luz.
bebedouros, caminhos de cimento,
quadras de esportes, pista de skate,
estátuas, totens, placas,
bancas de revistas, de cachorro-quente,
de algodão-doce, de artesanato.

Pedi que colocassem alguma sombra,
n’algum lugar, onde pudesse sentar-me
e sentir o cheiro terroso da tarde
branca e ensolarada
pousada sobre as nossas copas
projetadas sobre o lago de tranqüilas águas.
“Não é possível.”, me disseram,
“Por quê?”, perguntei,
“Retiramos todas as árvores.”, responderam.
Pedi, então, que me levassem, também.
“Para onde?”, quiseram saber,
“Para onde levam os condenados.”, respondi,
“Condenados a quê?”, perguntaram,
“A morrer.”
.
.
.
E eles riram.

 - Pero Vás

João Antônio Pereira – Porto Alegre / RS

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JACARANDÁ


Porque teu amor é força e floração
Para mim és jacarandá
Pois também tenho raízes que não posso arrancar
E delas te trago a água mais pura desta terra para saciar

Porque teu amor é força e floração
Para mim és jacarandá
Que em excelencia mais nobre
Esculpe em tronco macio o torcer das idades

E ao inverno do amor despe-se da saudade
Com a mesma leveza das folhagens que caem
Pois na natureza e nos corações
Não existiriam flores sem o conhecimento das estações

Porque teu amor é força e floração
Para mim és jacarandá
Na sabedoria de que as flores são parte dos galhos
Que fogem da igualdade das folhas

Porque teu amor é força e floração de jacarandá
Trago meu amor esculpido na forma dos versos
Pois quando renasce a primavera
Cobres até os céus com flores
E, de tanto e tanto amar, chovem flores sobre as raízes que me foste.


CARMEM TERESA ELIAS – Rio de Janeiro / RJ

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FLORESCÊNCIA

Ipês rosados
ao roçar do vento
primavera em flor

Ricardo Mainieri – Porto Alegre / RS

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ODE À ÁRVORE

A árvore, tão frondosa criatura
Ser vivo que a todos sustenta
com sua sombra e formosura
conforta quem sob ela se senta.

Ameniza o calor em dias de verão
protege o solo contra a erosão
Purifica o ar, para nós tão vital
processo que pra vida é fundamental!

Ser vivo tão forte e imponente,
mesmo quando ainda é semente.
Sucumbe aos interesses da sociedade
Não reage... efeito de sua imobilidade.

Quanta cura guarda em seus componentes?
Quanto alimento forneceria aos viventes?
Agora, quem protegerá os rios e nascentes?

Que desatino...
Que futuro terá o menino?
Quantas espécies sem destino...
Espere! Podemos consertar com ensino!

Reaja humanidade, ainda há tempo!
Depois não adiantará emitir lamento
Salve o planeta, evite contratempo
Propague a ideia do reflorestamento.

Elciana Goedert – Curitiba /PA

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Jussára C Godinho – Caxias / RS

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