segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Teatro - em homenagem ao Primeiro Festival de Esquetes de Petrópolis

A Confraria da Poesia Informal foi convidada a participar, como expositora e com declamações, do Primeiro Festival de Esquetes de Petrópolis, que vai reunir 24 apresentações em 3 dias de evento, de 20 a 22 de setembro, no Centro de Cultura Raul de Leoni, sob coordenação de Rodolfo Medeiros.
Nada mais justo após essa carinhosa parceria que falar dele, o grande protagonista dessa história, o Teatro.  E assim se deu:




Faltou pouco

Abrem-se as cortinas 
é festa no palco 
todos ao trabalho 
mais um dia de labuta. 

O ator já é roupeiro, 
que virou sonoplasta, 
na hora do seu ato 
é mais um nobre senhor. 

Camareira é porteira, 
sem ter jeito varre o chão, 
na hora do seu ato 
corre quase escorrega. 

Diretor que faz aqui 
seu lugar é na coxia 
anda rápido que se precisa 
de você para porteiro. 

Fábrica de sonhos 
que importante é alegrar
faz tudo, tudo faz 
e a plateia onde esta? 

Hoje vai ser diferente 
tem ator, 
marcador, 
tem diretor 
e ate cachê...

ACORDA!! 
Que pena... 
...nem hoje me deixam mais sonhar.

Mais a vida continua 
e o sonho não tem fim 
se o teatro é vida em sonho
quero o sonho todinho pra mim. 

Rodolfo Andrade – Petrópolis / RJ



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AOS POUCOS E AOS PEDAÇOS

Tudo o que fiz,
fi-lo na tua frente:
diante do espelho mudo
do teu olhar ausente.

Tudo o que fiz,
fi-lo no presente:
desde este que ainda é,
até aquele que o será eternamente.

Pois tudo o que fiz,
fi-lo para sempre:
aos poucos e aos pedaços,
racional ou incoerente.

Não me fiz, porém, feliz,
fiz-me apenas aparente:
conservada sob o verniz
de uma existência transparente.

Esta integridade cega
que construí para que visses,
é a mesma que me nega
sorte melhor do que ser triste.

Aos poucos e aos pedaços
desfaço-me em tua vida,
sem mais força, sequer, nos braços
para acenar-te à despedida.

- Clarice Almada

João Antônio Pereira - Porto Alegre / RS

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O teatro está em toda parte

Por trás das cortinas vermelhas
Alvoroço e extrema concentração
Em cada aplauso, inúmeras centelhas
Do som que mais produz emoção

Texto decorado com base no improviso
Lugares marcados feito dança
Olhares sérios, saltos e sorrisos
Alegria inexplicável de uma criança

Ser artista de teatro é plantar cultura
E colher a retribuição mais gostosa
De extinguir o veneno da loucura
A partir de uma atuação grandiosa

Cantar, dançar, chorar, recitar, atuar
Verbos que representam uma arte
Na vida, na terra, no céu, no mar
O teatro está em toda parte!

Filipe Medon – Petrópolis / RJ


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TRANSFIGURAÇÃO

À Fernanda Montenegro
Os olhos esbugalhados que falam
e deixam rolar lágrimas
pelo rosto da atriz
são tão expressivos
que a fala
que representa o texto-enredo
resulta secundária.

As suas pupilas dilatam
e dilatam nossas emoções.

Presa ao olhar hipnotizador
que varre o palco,
a plateia vibra, magnetizada.
Artista, mágica ou bruxa?

Ao agradecer os aplausos
tão humilde, se torna pequena.

Diante da arte
o humano é mínimo,
frágil, tênue.
Fecha a cortina. Me sinto plena.

Diante da arte

Maria Carmo Bomfim – Rio de Janeiro / RJ


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Teatro

No teatro desta vida
interpreto vários papéis
sou a mulher sofrida
a princesa – o vilão
aquela que improvisa
ou que fala palavrão

sou a vedete faceira
sou a mãe e a madrasta
sou a velha feiticeira

vivo tantas personagens
(nem sei como consigo)
penso até que minha imagem
já não se parece comigo

mas ao despir os figurinos
vejo que sou camaleoa
que este é meu destino
e que nada é à toa.

Marizélia Finger – Porto Alegre / RS


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Arte

Palavra chave para renascer, 
É transformar!
Abranger com clareza
Toda questão.

Ter uma cara nova
Querer enfrentar superar
Para isso:
Arte é emoção!

Querer te pintar
Esculpir-te,
Narrar-te,
Evoluir-te.

Deixar a idade média em segundos,
Arrancar os artistas profanos
Que sempre se escondem
Lá no fundo.

Ser humanista!
Fugir deste mundo!
Renascer ao seu lado,
Nesta vida de artista.

Mesmo profano...
Arte e palavras são
Minhas melhores conquistas
Para pode dizer o quanto amo.

De Magela & Carmem Teresa Elias -  São Paulo / SP & Rio de Janeiro / RJ


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REPRISES

E quando fecha a cortina
ali atrás, nos bastidores
segue a mesma rotina...

Os personagens ficam no tablado
mas os atores levam suas dores
como se isso fosse seu legado.

Se "a arte imita a vida",
nem tudo são flores...
Algo toca na ferida!

Ator e personagem se confundem
quando se trata de sentimentos:
ambos a felicidade perseguem...

No afã de alcançar tal intento
surgem diversas situações,
de alegria ao triste lamento

E quando reabre a cortina
novamente expõem o fictício.
Ou isto ficou lá na esquina?

Elciana Goedert – Curitiba / PR 


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 NOITE SUJA

Acossado pela fúria
de uma implacável censura,
subo ao palco
e grito:
“Plínio, fuja!
Salve o Teatro Maldito!”

Edweine Loureiro – Japão


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As cortinas se abriram
Entrei em cena!!!
Comecei meio tímida, retraída...
aos poucos ganhei a cena da vida!!!!
Ouvi aplausos e vaias....
nada me fizeram parar 
as luzes seduziam-me ao centro,
o palco era sim o meu lugar!!!!
Não me amedrontava o erro
Improvisei!!!!
Terminarei o ato!!!
Fecharei um dia as cortinas da vida,
orgulhosa de ter protagonizado a minha própria história!!!!

Fernanda Forster – Petrópolis / RJ


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A grande peça 

Primeiro sinal, segundo...
Terceiro sinal.
Cortinas se abrem,
é a vida real!

São aqueles que trabalham
(pelo aplauso final)...

Cerradas as cortinas
há um mundo lá fora...
Sem ensaios, sem músicas,
sem aplausos, sem direitos,
sem nada, sem nada, sem nada ...

É a vida "normal".

Paulo Roberto Cunha – Petrópolis / RJ


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Ser e fingir ser, eis a questão

No palco das Ilusões
A realidade está nos bastidores
Conflitos e Amores...

Atuar não é enganação
Cópia de vidas normais e insanas
Artures e Morganas

Cupido ás avessas
O amor nunca foi tão obsoleto
Montéquio e Capuleto

Na vida não se engane
Ou você é plateia ou atuante
Inferno de Dante

Teatro da vida real
Todas as teias tecem a trama
Comédia e Drama

Janaina Barroso – São Bernardo do Campo / SP


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‎Vida é palco,
Poeta é palhaço que traz o riso de si próprio.
Vida é palco,
E amor é papel que todos desejam encenar.
Tudo é teatro,
Gente fingindo que não é gente
Gente sorrindo descontente
E eu brincando de inocente.

Leila Maria – Cruz das Almas / BA


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Visto aqui do palco
o mundo é o último ato
Ribalta, meu álcool

Jorge Ricardo Dias – Rio de Janeiro / RJ


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O Palhaço, o Teatro e a Plateia

Você acha
Que minha cara
É engraçada ...
Meu cabelo 
arrepiado ...
Minhas vestes,
exageradas ? 

Olhe,
Olhe bem ...
Minha pele é pálida...
Meus lábios sangram sedentos ...
Meus dentes colhem sementes de fome ...

E as borboletas
Não enfeitam minhas vestes, 
Não !!
Todas elas
Morreram
sem jamais saírem
Do casulo que sou eu
no picadeiro doentio do ator .

" Música Maestro ! "
Da encenação da Vida
Eu detenho 
A batuta dos risos
E o arco do violino

Eu sou o teatro, sou o ator,
Sou a crítica e a mentira 
Sou a verdade que faz com que você ria
Da própria vida
Da própria dor
Da própria morte ...

Carmem Teresa Elias – Rio de Janeiro / RJ


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Vida 

Luzes que se ascendem,
cortinas que se abrem. 
A plateia aplaude,
e eu quero sumir.

Não sei qual é minha fala,
não conheço o autor,
não li a sinopse.
Que faço neste palco?

No espaço cênico 
começo a me situar. 
Vejo-o sentado na primeira fila,
batendo palmas.

Então é isto,
já tinha ouvido falar,
mais uma peça do destino,
sem cachê.

Lucia Regina Ferrari Silva – São Leopoldo / MG


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A(cor)de, Tina!
Qual a roupa?
Qual o ato?
Qual a cena?
Qual o fato?
Sem ensaio 
Me encaixo
Enceno meu papel
Dias 
De riso e choro
Dias 
De mel e fel.

Tina Maria Figueiredo – Teixeira de Freitas / BA


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Teatro da vida

Só no teatro podemos
ser várias pessoas
ao mesmo tempo.
O rico pode trocar 
de papel com o pobre
E o mocinho pode trocar 
de papel com o vilão.
O teatro dá o poder
de fazer o artista virar
qualquer pessoa, 
depende da história da peça.
A única verdade é que 
não há teatro mais elaborado 
que a nossa vida,
e que não tem autor maior 
que o nosso pai celestial, 
que escreve tudo com a maior perfeição.
Se não houvessem essas historias,
para nós seres mortais, 
viver a vida não teria graça.
Muitas vezes nós desejamos mudar 
o que está escrito no livro da vida, 
ou pensamos que o nosso pai celestial 
escreveu a nossa vida errada.
Não. Ele escreve certo por linhas tortas!
Só temos que saber representar 
o nosso papel no teatro da vida. 

Alan Bastos Lima – Petrópolis / RJ


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Atos e fatos

Tantos atos em curso
Percursos adiados
Fatos em discurso
Recursos refutados

Teatro sem palco 
Com plateia
Ideias sem calço
Prosopopeia

Seres inanimados
Atados em vida
Artistas domados
Sem muitas saídas

Ponto de partida
E cortina fechada
Uma fachada à vista
Vista malograda

Realidade implícita
Teatro ou vida?

Ivone Alves Sol – Rio de Janeiro / RJ


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Ensinamentos do Mestre

Vamos seguir o mestre,
A vida real não permite testes... 
Falas decoradas, coreografias...

Sabemos bem que o bem é o certo,
Somos imperfeitos... Incorretos,
Mas temos o livre arbítrio por toda vida...

O maior homem dessa terra,
Veio em paz, nascendo na guerra,
Seus ensinamentos são uma nova era...

Semear o amor à humanidade,
Ser rico em humildade e bondade
O pai não desampara nem na tempestade...

Apenas lava a alma e purifica o pecado...
A vida não é uma peça de teatro,
E nunca fecha de vez a cortina...

Auto estima...

Fé, perseverança, fraternidade,
Esperança, solidariedade,
Bonança pra eternidade...

No fim do túnel sempre haverá luz,
Vamos saudar o Mestre Jesus,
Guerreiro, guardião dos nossos dias...

Felipe Quirino – Rio de Janeiro / RJ


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Personagem

Fragmentos de vida, sou...

Minhas histórias são bengalas
As quais traço e atuo
Num guerrear resistente.

No tempo em que me dispo
De tudo que me incomoda
Bato o martelo,
E a bigorna ressoa...

Um eco que me faço ser ouvida
Nesse meu mundo de personagens
Que me transportam pela vida.

Ana Lucia Souza Cruz – Rio de Janeiro / RJ


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Ensaios encenados ao léu
Navegante de águas incertas
Filho do inferno e do céu
Vira humano: cortinas abertas

Não importam teus desejos.
Se és afogado em tristeza
Ou amante dos festejos.
Nada acrescenta a beleza.

Funciona ter a alma liberta
Aceitar a realidade incerta
Ceder o espaço da expressão

Aceitar que a porta aberta
Leva à emoção desperta
Debulha em fogo o coração.

Alexandre Tavares - Petrópolis / RJ

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Teatral Vida

Já dizia o sábio maldito:
"Todo homem é uma estrela!"
Concordo, convicto,
Porém, apesar de sê-la,
Em potencial,
Nasce sem seu brilho natural.

Na busca deste elementar atributo
Deus se faz diminuto
Desapega-Se de sua altíssima posição
E em Seu mais misterioso ato
Apaga da mente a noção
De sua sagrada condição e, de fato,
Veste-se de homem

Todo homem é um personagem complexo
E Deus, ator e autor
Deste drama sem nexo
Porém tão sedutor
E nada conciso:
Um sagrado Teatro do Improviso!

Alexandre Tavares – Petrópolis / RJ

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O ator em cena

Sob as luzes de néon do camarim
O ator se prepara pra entrar em cena
Ele traga no último cigarro
Suas angústias, contas a pagar e seu mundo
Para, em alguns segundos
Se despir de si mesmo
e adentrar no universo do teatro
Se maquia
Se veste
Se concentra
E com sua plasticidade e silhueta
Vai para o palco
Ah! no palco
Ele se movimenta
Ele dança
E transforma o movimento e dança em verbo
E faz -se poeta
Verbalizando emoções que por vezes
Somos incapazes de expressar no nosso cotidiano
Acima do bem e do mal
Além da tragédia e da comédia
Ele vai
Vai sendo a força motriz do teatro
Através dos séculos e séculos.

Jane Marques – Petrópolis / RJ

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