quarta-feira, 23 de julho de 2014

Saudade


Os temas subjetivos são os preferidos da maioria dos poetas. Dessa vez a SAUDADE é o desafio e inspira a CPI.




Um olhar além 
Me leva a observar:
... Nesse mundo 
Há o que se apagar

E o meu olhar além, fita
Uma ausência crua e nua
Numa estrada sem chão
Me levando a um nada
Com passos bêbados,
Mãos trêmulas
A avistar um vazio

E nele construo
Sem queixumes
O que a mim mais interessa
Posto que o que em mim fica
É o silêncio
De onde grita
Toda essa minha
Saudade

Ana Lucia Souza Cruz
Campos dos Goytacazes/RJ
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Saudade

Por vezes
Bate saudade
Da pandorga
E do pião
Das bolitas
Dos dias longos
Do vento
Da estrada de chão
De um tempo
Que trago aqui
Nos dedos 
Ainda marcados
No peito 
Ainda ofegante
Nos olhos 
Ainda encantados

Carlos Eugenio Vilarinho Fortes
Palmeira das Missões/RS
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Saudade

Nas asas do amor
Que o tempo levou
Sem esperança de voltar
A minha saudade sai voando...

Carlos Maia
Santa Bárbara do Leste / MG
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A cor da Saudade

Dentre portas invisíveis 
que poderia abrir
escolhi a porta negra 
que me impediu de sorrir.

Emergi de um sonho brusco
onde estava a te abraçar 
um sonho preto e branco 
que padeço ao recordar

Que cor estranha é essa? 
que afastou o vermelho da paixão
restando somente a desilusão
que afastou o prateado como amor,
salientou ainda mais a dor.

É um cinza adormecido
abandonado pela felicidade 
E a saudade que restou 
apagando a vivacidade

Daniela Valadares Aleixo.
Petrópolis/RJ
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Sentimento dolorido

Dizem que saudade não tem idade
Eu, pra dizer a verdade
Com ela nunca me senti à vontade
Nem desejo ter familiaridade

Seu sinônimo é melancolia
Ainda mais se vem da nostalgia
De observar uma fotografia
Ou num papel, ver certa caligrafia
A dor se transforma em agonia...

Uma força age em minhas entranhas
Trazendo à tona lembranças ocultas
Pressiona o coração, que fica em chagas
Aperta meus olhos, que inundam com lágrimas

Por um momento visualizo um rosto
Sinto o cheiro, ou mesmo um gosto
E uma alegria torna-se o oposto...

Do meu passado começo a lembrar:
Lugares, pessoas, me fazem suspirar 
Momentos que jamais irão retornar

Há quem goste de tal sentimento?
Não me agrada este sofrimento
Preferiria o eterno adiamento
De toda forma de afastamento

Mas na vida nada é infindável
Uma despedida será inevitável
Todo o nosso entorno é mutável
E a saudade vem... Implacável!

Elciana Goedert (Ciça)
Curitiba/PR
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Dor da Saudade

Essa lança que me perfura
Longinus amargo, tão cruel
Que torna o cárdio músculo
Alvo de temporadas de caça
E a memória obriga a repetir
Grito de um refém rebelado:
"Saudade, saudade
Não esqueço o quanto dói
Recordar a despedida
Então se foi, virou ferida".

Giancarlo Kind Schmid
Petrópolis/RJ.
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Lembrando de você

Olho o céu, não vejo a lua,
meu horizonte é sem fim...
Você tão longe de mim,
silêncio na minha rua.

A minh’alma toda nua,
não vejo a flor no jardim.
Não sou mais seu querubim?
Por que não me diz: Sou tua?

Veio a noite, o tempo passa,
só não passa essa saudade.
Eu como o fruto sem graça

do pomar da soledade.
Minha paz virou fumaça,
Senhora Felicidade.

Gilson Faustino Maia
Petrópolis - RJ
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Saudade 

Eu aceitei o desafio!
Saudade move moinho,
vento trás saudade,
no mar da nostalgia!

Eu acato a saudade nesta hora!
Vendo as estrelas cintilantes lá fora!
No piscar dos olhos da alma!
Rio abaixo indo ao saudoso mar!

Que as palavras que falo,
sejam vistas como agonia!
Na hora do adeus da partida!

Que a minha loucura,
Invisível e silenciosa,
Faça-me em lembrança em seu coração desafio!

Jorge Guimarães
Campos dos Goytacazes/RJ
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Poema pra ti pra mim

Se eu te fizer um poema
não tema
responsabilidades
Se te escrever um poema de saudades
ele no fundo será pra mim
penalizado
por carregar o fado
da tua falta sem fim
Agudo aperto 
nesse meu peito de ti deserto
a buscar o oásis
dos teus dons capazes
de injetar prazer
no meu frugal viver

Jorge Ricardo Dias
Rio de Janeiro/RJ
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Luciana Cunha
Petrópolis/RJ
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Soneto de saudade

Se acaso tu sentires a saudade
O teu peito apertar e machucar
Escutes minha voz a sussurrar
Dizendo que me amas de verdade

Estejas, pois entao, bem à vontade
E venhas tão depressa me encontrar
A ti eu não irei me recusar
Teus beijos são pra mim necessidade

Mas anda, não demores, vem agora
O meu amor só cresce a cada hora
Fazendo cada noite parecer

que nunca mais verei o amanhecer
Então vem como um dia sem aviso
e traz, junto com o sol, o meu sorriso

Luciana Cunha
Petrópolis/RJ
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Saudade 

Sombras em todos os espaços vazios
se são lágrimas, formam-se rios.

Silenciar a saudade num olhar decaído
o meu corpo a sente, todo consumido.

Laços rompidos no trajeto da vida
emoções ressentidas ao olhar a partida.

O que os olhos já não irão ver
crava no peito a vontade do renascer.

Fica no tempo um desejo dissipado
o que se viveu foi profundo, por hora, inanimado.

Os ventos varrem as folhas secas do inverno
nem a saudade, nem o amor, nada é eterno.

Luís Antônio Santos 
São João del Rei/MG
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Sem nostalgia

Gostaria de rever a rua
da minha infância,
esburacada e sem calçamento
(barro molhado pela chuva),
onde brincava de esculpir,
com os meus amigos,
potes,bichos e bonecos
(muitos bonecos).
Temo não encontrar mais
a linha do trem,
talvez desativada,
o muro da vizinha
que eu tanto pulava,
as árvores dos quintais
onde trepava pra colher frutos.
Não, prefiro ficar com meus
companheiros de infância
na lembrança.
A vida tem vários nunca mais.
Tristes daqueles que não têm saudades
de um tempo que ficou pra traz

Maria do Carmo Bomfim
Rio de Janeiro/RJ
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Saudade é coisa boa

E quando eu estou sozinha, a saudade me faz companhia
Reapresenta o passado ao meu presente, o espalha enfim.
É como se um videoclipe automático se ligasse em magia
Talvez não tenho a saudade, é que a saudade tem a mim.

É tão nítida que até tem cheiro, tem cores e tem um gosto
Imersa, nela me torno outra, ancorada no presente, viajando.
Tem voz tão suave que me chama por um caminho oposto
É uma canoa carregada de flores no qual estou navegando.

Arfa para uma imagem, de repente outra imagem me vem
Em uma sequência que de vez em quando se torna aleatória
E são fragmentos lindos sacados da alma da minha história.

_E os quilômetros? Coitados! Meu sentimento não detém
Saudade é coisa tão boa, que você para mim, ela transporta
Mesmo ausente me enche de rimas e me abre a sua porta.

Raquel Ordones
Uberlândia/MG
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Saudade

Aparece do nada com tudo 
revive lembranças como agora 
buscando o elo perdido 
daquele papo que nunca termina.

É gosto de fruta no pé 
que só não se consegue comer 
na esperança do impulso farrista
que fica o sorriso da lembrança.

Latente machuca sem dor 
esta alegria consciente e amiga 
que ora é fera na defesa do outro 
mais nunca é ferida , logo vai voltar.

É fato real da vida de hoje 
fica na mente pois é de verdade 
momentos bons sempre teremos, 
juntos, para poder viver a saudade.

Rodolfo Andrade
Petrópolis/RJ
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Saudade desmedida! 

Sinto saudade dos tempos de calmaria
onde não existia essa impetuosa ventania
que me remete à saudade incontida
de sentimentos que tenho que esconder

De um tempo que não precisava me conter
por um amor que reluto em um não querer 
não absorvo esse sentimento, que negação!
que de longe aplaude o sofrimento
esquecendo tão lindo sentimento!

Metricamente, solicitude da minha parte
fica sem preenchimento, sinto-me vazia
te vejo e te sinto em todos os momentos
em todos os arredores, minha própria vida

Agora como lidar com isso?!
Senti amor de tão perto, quando ressoou 
um cantar diretamente em minha direção
já era o amor em mim em conclusão!

Hoje me desespero em ter que abandonar
todo seu jeito que tanto me fez te amar
do pensamento que vai até ti sem querer
agora mesmo aqui redigindo, visualizo-o!

Por que tem que ser assim?!
Por que se priva desse sentimento?!
É loucura desmedida, sem permitir
não se deixar amar?!

Vá, segue teu rumo e deixa-me buscar a paz
mas ante a isso, leva a saudade que causou
quando instituiu tal amor, porém fugaz
simplesmente porque nunca amou.

Fica essa saudade desmedida,
porém, especialmente a mim concedida!

Silvana Gomes
Campos dos Goytacazes/RJ
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Por quem espero

Sentir aqui em mim quem tanto quero,
Explode essa saudade, dor imensa...
Meu verso chora a lágrima mais densa,
Por cada novo tempo que eu espero...

Nos braços deste amor, a recompensa,
Dos beijos, um licor que já venero,
No toque mais sutil que eu me tempero,
A vida me tornando menos tensa...

Desejos tantos feitos dos carinhos,
Dos cabelos desfeitos, desalinhos...
Vontade de querer cada vez mais:

Ser feliz eternamente contigo!
És quem mais desejei: amante e amigo,
És tudo! És a minha alma em paz! ...

Sol Figueiredo
Campos dos Goytacazes/RJ
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